Nos meses de Março e Abril celebramos importantes datas ligadas à História da Emancipação da Mulher Moçambicana.
Na verdade, a 4 de Março recordamo-nos da fundação do Destacamento Feminino, acto marcado pela entrada, em 1967, no Centro de Preparação Político-Militar de Nachingweya, das primeiras 25 jovens vindas das Zonas Libertadas para treinos de guerrilha. A 16 de Março celebramos a fundação da Organização da Mulher Moçambicana, o ponto mais alto da conferência que se realizou de 4 a 16 de Março de 1973 em Tunduru, Tanzania. No dia 7 de Abril, celebramos o Dia da Mulher Moçambicana, uma data em que também assinalamos o falecimento da Josina Machel, combatente da Luta de Libertação Nacional e dirigente do nosso movimento de libertação com uma paixão especial para as crianças e para a emancipação da mulher. Pela passagem dos 40 anos depois do seu desaparecimento físico, vamos, este ano, erguer-lhe uma estátua em Chilembene, terra natal do seu esposo, o saudoso Presidente Samora Moisés Machel.
Antes de entrarmos propriamente no tema da mulher, queremos agradecer os comentários e as visitas que fizeram à nossa postagem intitulada “Diálogo: Mecanismo de partilha de ideias e de socialização dos desafios”. Concordamos com o internauta que afirma que o diálogo se intensifica em Moçambique pois “hoje dialogamos mais do que ontem, amanhã iremos mais longe”. Também achamos interessante a relação que outro blogista estabelece entre o diálogo e a educação cívica e moral. Trata-se de uma contribuição que complementa a de um outro internauta que entrelaça a cidadania, a paz e o desenvolvimento participativo. Tomamos boa nota destas contribuições e reafirmamos que o diálogo vai continuar com e entre diferentes sectores da nossa sociedade. A segunda edição deste mandato da Presidência Aberta e Inclusiva que dentro de dias vai ter início e as réplicas a outros níveis deve ser visto neste prisma.
Como dissemos na parte introdutória nos meses de Março e Abril celebramos importantes datas que demonstram que a problemática da emancipação da mulher e a sua libertação para assumir diferentes papéis na sociedade têm estado no centro das nossas atenções desde o início da Luta Armada de Libertação Nacional. Por isso, para nós a participação da mulher na libertação da terra e dos homens era participar na sua própria emancipação.
Como temos sublinhado, a luta pela emancipação da mulher moçambicana desenrolava-se à volta de três dimensões fulcrais. Na primeira dimensão, ela própria procurava libertar-se dos complexos que perpetuavam a sua posição de submissão e inferioridade inibindo-a de ocupar determinados papéis na sociedade. Na segunda dimensão, os homens e a sociedade procuravam libertar-se dos tabus sobre os papéis sociais pré-destinados à mulher. Na terceira dimensão desta luta ela participava, com bravura, em todas as frentes e em pé de igualdade com os homens, na libertação da nossa Pátria Amada da dominação estrangeira.
Como o homem moçambicano, a mulher moçambicana encarou a Independência Nacional não como um fim em si, mas como um importante marco facilitador da luta pela sua própria emancipação e desconstrução dos preconceitos sobre ela e sobre os papéis que lhe cabem na realização do nosso sonho colectivo, o sonho de 25 de Junho de 1962, o sonho de um Moçambique próspero, sempre unido e em paz e com crescente prestígio no Concerto das Nações.
Hoje, podemo-nos congratular com o que a nossa sociedade e a mulher moçambicana conseguiram alcançar. Com efeito, cresceu o número e diversificaram-se as áreas de formação e intervenção da mulher em Moçambique. No mesmo contexto, aumentou o número de organizações nacionais que lidam com assuntos da mulher, de forma especializada. É também nestas organizações que se forjam as lideranças desta Pátria de Heróis e onde se cristalizam valores como a auto-estima, a Unidade Nacional, a Cultura de Paz, a boa governação e o sentido de servir Moçambique e o seu Povo.
São significativos os avanços que a emancipação da mulher registou em Moçambique. Por isso, queremos usar desta oportunidade para saudar a Mulher Moçambicana por todas estas conquistas. Queremos, igualmente encorajá-la a explorar todas as oportunidades que se abrem para participar de forma cada vez mais activa na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Em particular, queremos encorajar a rapariga a matricular-se e a concluir níveis cada vez mais avançados no nosso sistema de educação.
Posto isto, convidamos os internautas a ajudarem-nos a responder a esta pergunta: o que mais podemos e devemos fazer para acelerar o processo de emancipação da mulher em Moçambique?
Armando Emílio Guebuza
(Presidente da República de Moçambique)
Permita-me Senhor Presidente
ResponderEliminarInteressante quando o Senhor Presidente termina o seu escrito com um questionamento. Não podemos entender nada para além da vossa pré-disposição para ouvir, para junto do seu povo auscultar e se aconselhar, o que já é de per si uma das soluções para o seu questionamento Senhor Presidente, isto porque não se pode promover a igualdade de género e dar o poder às mulheres, sem saber ouvir, sem saber questionar.
Quando o PR diz e bem que “queremos encorajar a rapariga a matricular-se e a concluir níveis cada vez mais avançados no nosso sistema de educação” di-lo na convicção acertada de que é preciso promover e incentivar o acesso da mulher ao sistema de educação, o que quanto a mim, sugere uma medida de médio e longo prazo, sendo lícito questionar e agora?
Penso que devemos Senhor Presidente, potenciar o conhecimento secular das mulheres, permitindo que nas suas línguas possam efectivamente participar na vida social e Política. Nós crescemos Senhor Presidente e nos tornamos homens que somos ouvindo os ensinamentos das nossas mães, que nunca tiveram acesso à educação, mas nos marcaram e sobremaneira nos seus ensinamentos, porque perenes. Devemos sim, potenciar as nossas línguas nos nossos processos e espaços de governação, tal como tem feito o Senhor Presidente nas Presidências abertas, o que vai permitir que as pessoas e tal como nas governações participativas, se expressem e nas suas próprias línguas, o que propicia mais utilidade e consistência ao discurso.
Potenciar as nossas línguas, seria uma forma de olhar para o curtíssimo prazo nas formas de participação da mulher na tomada de decisões, sem descurar todas as outras que o Senhor Presidente elenca como o acesso a educação, que se sabe contribui para uma saúde melhor força motriz para o aumento da produtividade o que se sabe gerar crescimento económico.
Parabéns a mulher moçambicana
Quando Excelência nos propõe a reflectir o que devemos fazer para acelerar o processo de emancipação da mulher em Moçambique coloca-nos o desafio da comparticipação e partilha no processo de governação, o que é de elogiar e incentivar.
ResponderEliminarIndo ao seu questionamento, penso que devemos formar e informar a mulher, isto,seguindo a linha do internauta que me antecede, porque a informação é possível nas línguas nacionais e também possivel a formação capitalizando o saber fazer.
Precisamos de modelos que penso estarem a ser ensaiados e sabiamente; ter uma mulher como Primeira-ministra e ter hoje uma como Presidente da Assembleia da República, são excelentes incentivos para que a mulher eleve a sua auto-estima e se convença que é parte na solução dos problemas do País.
Não sei como está o País hoje na questão das campanhas de alfabetização de adultos mas esta, é uma medida que ensaiamos depois da independência e nos mostrou ser exequível. Capitalizar esta medida seria como que garantir a luz para esta mãe, que tendo apreendido a escrever vai obrigar o seu filho a aprender mais. Devemos portanto, promover a alfabetização de adultos.
Exmo Senhor Presidente,
ResponderEliminarFaço minhas as palavras do comentador anterior. Já dizia o saudoso Presidente Samora: façamos da escola a base para o povo tomar o poder. Façamos da escolarização a base para uma emancipação consciente da mulher.
A escolarização ajuda sobremaneira mas é necessário mas há que emular o talento e sabedoria nata da mulher deste país; emular e abrir espaços e oportunidades onde esse talento possa ser potenciado nas mais diversas vertentes. Como dizia o comentador que me antecede, potenciar o conhecimento secular das mulheres que, mesmo sem uma escolarização por ai além nos marcaram e sobremaneira nos seus ensinamentos.
Podemos emancipar a mulher ajudando-a a produzir mais e melhor. Podemos emancipa-la permitindo que a sua produção chegue aos “mercados” que se vão criando evitando situações em que, em alguns casos, tal produção apodrece nos celeiros quer devido a deficiente armazenamento quer devido a problemas de escoamento. Isto implica acelerar o investimento em infra-estruturas que concorram para uma agricultura (sabido que é nesta que se concentra uma grande franja das nossas mães e irmãs) virada para o mercado que todos desejamos.
Podemos emancipar a mulher amando-a como mãe, tia, irmã, esposa e respeitando a sua condição de ser humano com capacidade de pensar e produzir ideias válidas como qualquer outro ser humano.
Excelência,
ResponderEliminarPermita-me antes demais, saudar a sua disposição incondicional para o diálogo. Entendo que o diálogo é uma arma forte para a construção de ideias e para a busca de soluções. Outro facto a saudar excelência, é o seu prmanente contacto com o povo, desde as presidencias abertas e, aqui pelo mundo cibernáuta.
Indo de encontro ao tema que origina este comentário, a mulher moçambicana, e respondendo a questão coloca, quero primeiro afirmar que muito foi já feito com vista a emancipação da muher moçambicana e o senhor Presidente fez menção desses feitos e processos, pelo que me parece razoável afirmar que o que tem e ser feito é realçar a luta que se tem estado a travar nesse sentido.
Penso que a educação da mulher,no sentido de ela pereceber que o seu papel é caminhar lado-a-lado com o homem e não a sua trás e, do homem no sentido de entender que a mulher é um parceiro e não um ser inferior, será a arma para que a emancipação se torne total e completa.
Os nossos executivos têm participado nesse processo, confiando à mulher importantes tarefas, e que estas têm cumprindo com êxito e brilhantismo, mostrando desse modo que a mulher é um aliado e importante parceiro. O que sem dúvidas catapulta as mulheres, em particular a jovem rapariga, para que se engagem na aprendizagem de ferramentas para o desenvolvimento sócio-económico e tecnológico do país, correndo para a escola, como fez o saudoso Arquiteto da Unidade Nacional Eduardo Chivambo Mondlane.
Mas, o maior dos desafios que emerge nesta questão da emancipação da mulher é dos cidadãos que têm de assumir isto como um dever de todos, como uma virtude e não como um defeito e algo contra natura.
Assim termina este meu humilde contributo excelência.
Isâlcio Ivan Rogério Mahanjane
A swi feni nwa Hosi. Ndzi nga ta phinda leswi swi nga uliwa hi vanwani henhla. Swa twala ndza swi kolwa.
ResponderEliminarKambe xinwana xa xikulo nwa hosi a vavasati ha votxe fanela ku ti lumula, va vafamba havoxe. A emancipacao ya yi kulo yitata hi ku kolwa ka vona ni ku tiyimesela ka vona ka mhaka leyi yaku vava nuna ne va xisati va fana futse vani tifanelo tinwe tikweni. A loko swinga se ngena ti lhokweni ka vona ku ha fana, ku va fanela ku famba hi minengue ya vona hambi ho yini hi ku yini, siku ni siku hi ulaula hi swona hinga taya ndau.
Va fanela ku vona va mamani lava va ti vonisaka tikweni na vona va tsemba ku a kuna xaku hambana ka vona... hinkwavo vanga humelela ka nyipi hi yi lwaka ni ka nhluvuko wa tiko.
Ndzo tsandzeka xiputukezi kambe ndza tsemba ku u ta ndzi twissisa hosi. Ndzi kutwile u ula ula xitxangana Ka tembe.
Saudações Sr. Presidente. Não irei repetir o que foi dito acima. Está claro e concordo.
ResponderEliminarPorém outra coisa importante Sr. Presidente as mulheres devem ser desmamadas e começarem a dar passos por si. A emancipação maior virá da sua crença e da sua predisposição para o ideal de que homens e mulheres são iguais no país. antes delas meterem isso na cabeça, que elas devem erguer-se e caminhar pelos próprios pés seja lá o que for que façamos, falarmos todos os dias, não iremos a lugar nenhum.
Têm que olhar para as mulheres que se destacam no país e acreditarem que não há nada de diferente entre elas… todas podem sobressair na luta de hoje e no desenvolvimento do país.
Tenho dificuldade com o português mas acredito que me entenderá Sr. Presidente. Ouvi-o falar changana na Katembe.
Sr. Presidente,
ResponderEliminarO comentário acima em Changana é mesmo meu. Estava a testar o meu changana aqui e a desafiá-lo no seu uso seguindo até a ideia do primeiro comentador aqui.
Penso que a par de tudo o que se sugere que se faça nos comentários dos companheiros que me antecederam há uma emancipação mental que a mulher moçambicana deve experimentar. Livrar-se de determinadas amarras e participar neste desiderato colectivo. Isso não quer dizer que elas chutem para o lado as nossas tradições nem o conjunto de coisas que fazem de nós moçambicanos; falo da nossa cultura. Não. Falo delas libertarem se dos lugares comuns a que muitas ainda se colocam e partirem para o ideal de cidadania activa.
Um bom exemplo para as nossas mulheres pode ser a sua esposa Sr. Presidente. Ela tem dito que apesar dos seus MUITOS afazeres nas causas em que está envolvida, ela se assume como esposa e mãe com tudo o que isso integra. Já também dizia a mamã Graça que apesar de Ministra na época do herói Samora Machel, ela tinha que seguir as tradições do seu esposo… é isso chefe.
O país já desenvolve esforços no sentido de uma educação para todos. Há que intensificar o esforço de ir diminuindo os índices de abandono precoce das raparigas causadas por questões diversas incluindo casamentos e gravidezes precoces (neste último caso envolvendo mesmo professores que devem ser criteriosamente escolhidos também).
ResponderEliminarO país pode se orgulhar de, nos últimos 10/15 anos, ter apostado em mulheres que nos orgulham a todos pela sua competência. Não sei se alguém duvida da competência das irmãs Diogo; não sei se alguém duvida da capacidade da Dra. Benvinda Levy (quer como juíza e até mesmo como Ministra), da Dra. Maria Helena Taipo, Dra. Verónica Macamo etc. É um sinal de que o país está comprometido com essa ideia de ter mulheres a assumir em pé de igualdade com o homem, os desafios do país e de que, na esfera do que o Maguezi dizia acima, algumas mulheres no nosso país já assumem esse desafio.
Portanto, concordando grandemente com o último comentário do Maguezi, o maior acto emancipador da mulher não virá apenas de tudo o que possamos fazer por elas. Não virá apenas das montanhas que o Sr. Presidente poder movimentar para ver vingar este ideal emancipador: virá do que elas façam por si para que esse ideal vingue. Da mesma forma que acreditamos que a independência nacional deveria ser conquistada com esforço próprio as mulheres precisam dar passos no sentido da sua emancipação (libertar do jugo de uma autoridade, de uma sujeição ou de preconceito).
A swi feni Maguezi, a xitxangana xa wena xitlula xa ka mina. Eh tao fluente que desafia qualquer um a valorizar a sua lingua qual veiculo util para a transmissao das nossas ideias, nossas linguas (sem esquecer do postulado da oficialidade do portugues, o NOSSo a que me refiro aqui exclui o Portugues) que grande parte das nossass mulheres mocambicanas sabem falar sem que isso lhes confira o diploma da falta de saber pois ha muito saber nelas que se pode transmitir atraves das nossas linguas.
ResponderEliminarConcordo com o Maguezi e o Matsinhe. Tem mesmo que haver uma emancipacao mental das mulheres.
Hi na osana manguana.
Senhor Presidente, desculpe-me por não falar do assunto em questão neste 'post'. De facto, gostaria de usar o canal como atalho para expor um problema. Refiro-me à publicação de informação sobre candidaturas para o preenchimento de vagas no Aparelho do Estado.
ResponderEliminarHá meses, através do Jornal Notícias, soube de vagas que havia(?) no ARPAC. Gastei meu pouco dinheiro e tempo para me candidatar. Exigiam até cópias autenticadas. Consegui tudo, submeti a minha candidatura, disseram-me que mais ou menos uma semana depois do prazo diriam alguma coisa através do Jornal. Chegado o tempo, fiquei grudado ao Jornal mas em vão. Tentei telefonar mas o número não estava em funcionamento. O tempo passou. Na última sexta-feira, decidi ir às instalações do ARPAC - revelava-se ser a única saída.
Era pressentimento na verdade. Perante a ausência de 'chapas', atrevi-me em telefonar (mais uma vez), mas desta vez fui atendido. Disseram-me que, naquele momento, a entrevista estava a decorrer. Eu devia estar la dentro de 30/40 minutos para não perdé-la. 30/40 minutos do 'Museu' à Matola de 'chapa'! 30/40 minutos foi o tempo que levou o primeiro 'chapa'. Cheguei no ARPAC depois de uma hora. Pediram-me desculpas pela perda da entrevista. Quis saber se a informação dos resultados da pré-selecção fora publicada no Jornal. Não - foi a resposta. Publicar a informação no Jornal custar-lhes-ia 8000 Meticais por dia. O período de 'contenção de despesas publicas' impediu a publicação. ???!!! Enquanto que o ARPAC não publica no Jornal, outros sectores do Estado publicam no Jornal, na televisão, na Internet...
ResponderEliminarSó quero aproveitar partilhar este Blog: www.tarivala.blogspot.com, com todos os seguidores de sua Excia. espero vossos comentários!!!
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