24/05/2011

Jovem moçambicano: Dono, promotor e defensor da sua própria biografia

Jovem moçambicano: Dono, promotor e defensor da sua própria biografia

Gostaríamos de começar por inscrever a nossa expressão de gratidão pelos comentários tecidos à volta do tema anterior. Concordamos com os internautas que defendem que as nossas línguas, erradamente rotuladas por algumas pessoas de dialectos, têm o mesmo poder comunicacional que a língua oficial, o português. Na verdade, elas são esteios da nossa matriz identitária e são fonte permanente da nossa auto-estima. Mais ainda, através delas a mulher, como sublinha um blogista, “efectivamente participa na vida social e política” nos conselhos consultivos, nas associações e na promoção de uma governação aberta e inclusiva, enfim, em todas as esferas da vida da Nação Moçambicana.
Também concordamos com a necessidade de intensificarmos o trabalho para diminuir “os índices de abandono precoce das raparigas [da escola] causado por questões diversas” como propõe outro participante neste debate. A formação engaja a mulher no processo de “emancipação mental”, para usar uma expressão que aprendemos neste blog, e abre espaço para ela, como dizia um outro interveniente, “livrar-se de determinadas amarras e participar neste desiderato colectivo”, de lutar para vencer a pobreza em Moçambique. É verdade que “precisamos de modelos [isto é referências]” como sublinha outro internauta, que, quanto a nós, emergem necessariamente das várias frentes de luta contra este flagelo. Reafirmamos o nosso compromisso de continuarmos a promover e a alargar os espaços para a participação da mulher na sua própria emancipação. Por isso, convidamo-la a tomar parte mais activa nos debates neste blog.
Uma vez mais, muito obrigado pelas vossas contribuições e lições. Entramos agora no próximo tema.
Há coisas que nos impressionam na nossa interacção convosco, caros jovens, nas localidades, postos administrativos e distritos, vilas e cidades, no contexto da Presidência Aberta e Inclusiva, nas vossas intervenções públicas nos comícios, na comunicação social e nas redes sociais como este blog: uma delas é a vossa capacidade de serem donos das vossas próprias biografias, de serem e sentirem-se dignos filhos desta Pátria de Heróis. Esta vossa atitude e prontidão adensam a nossa certeza de que estão conscientes do vosso papel na actualidade e, por isso, sabem identificar os desafios, desenhar soluções para os superar e empenhar-se na sua materialização.
Impressiona-nos também a vossa entrega pela defesa e promoção dos valores nobres que nos caracterizam como um Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano. Continuem empenhados em fazer a vossa parte para a implementação, com sucesso e celeridade, da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Continuem a ser exemplo que vai inspirar aqueles que ainda pensam que não é possível vencer a pobreza em Moçambique, uma réplica, mutatis mutandis, daqueles que pensavam que, depois de se enraizar por cinco séculos em Moçambique, não seria possível derrotar o colonialismo, um sistema apoiado por uma sofisticada máquina de repressão e por regimes que estavam contra a nossa liberdade e independência. Em 13 anos de Luta de Libertação Nacional a nossa causa triunfou e a emocionante e irrepetível independência foi por nós proclamada. À pobreza, temos certeza plena, daremos o mesmo destino, com o nosso génio e mãos dextras!
Orgulhamo-nos de ter jovens que sonham e lutam, com perseverança, denodo e inteligência, para realizarem esse seu sonho e o nosso sonho colectivo de um Moçambique próspero, unido sempre em paz e com crescente prestígio no concerto das nações. Orgulhamo-nos de ter jovens que percebem que o mito de vida fácil que os pode seduzir e fascinar não é real. Que real é o que resulta do trabalho e da entrega de todos e de cada um de nós.
Há um outro aspecto que nos preocupa: uma combinação de factores internos e externos estão a criar-vos, caros jovens, uma situação muito difícil que também afecta todo o nosso maravilhoso Povo. É com enorme satisfação que registamos o vosso empenho na promoção da cultura de trabalho, da paz social bem como da produção e da produtividade como respostas acertadas para mitigar o impacto da crise internacional sobre cada um de nós. Apraz-nos registar igualmente a vossa capacidade de mobilização de outros moçambicanos para vos seguirem no exemplo.
Moçambique precisa de acelerar o passo para recuperar o tempo perdido. Vejam que 500 anos de colonização só produziram uma única universidade, inacessível para muitos moçambicanos. Vejam como com a paz temos estado a registar elevados índices de crescimento, construindo mais escolas, unidades sanitárias, fontes de abastecimento de água, estradas, pontes, a energizar casas de mais famílias moçambicanas e estabelecimentos comerciais e a colocar mais compatriotas nossos a comunicar-se entre si e com cidadãos de outros quadrantes do mundo, através da nossa rede de telecomunicações. Com a paz temos estado a ser um destino seguro para o investimento público e privado, nacional e estrangeiro, um investimento gerador de postos de trabalho e de renda para mais compatriotas nossos. Com a paz muitos jovens estão a afirmar-se na ciência e tecnologia, nos negócios, no desporto, nas artes e cultura, no associativismo e em outras áreas de intervenção humana.
Como não podemos interagir com cada um de vós, de forma directa, nem entrar em contacto com as vossas experiências de luta contra a pobreza, nas suas dimensões múltiplas, queríamos convidar-vos a relatá-las, de forma resumida, incluindo a sua localização, onde isso for aplicável, neste blog. Referimo-nos, por exemplo, às vossas experiências de promoção da auto-estima e da moçambicanidade, de consolidação da Unidade Nacional e da Paz e de reforço da cultura de trabalho. Referimo-nos ainda aos exemplos de cidadania e de bem servir nas instituições públicas e privadas, em todo o nosso belo Moçambique. O exemplo até pode ser de um outro compatriota ou associação mas através desta página podem trazê-lo ao nosso conhecimento. 
Moçambique, caros jovens, é nosso e, por conseguinte, por nós deve ser construído. Podemos estabelecer as mais diversas parcerias de desenvolvimento e potenciar as já existentes, mas não podemos delegar a outrem a liderança desta epopeia de libertação da nossa Pátria Amada da pobreza. Como no passado nós moçambicanos, filhos desta Pátria de Heróis, devemos ser os Heróis da nossa própria libertação deste flagelo chamado pobreza.
Aguardaremos pelos vossos relatos não só para deles aprender como também para partilhar com outros compatriotas nossos do Rovuma ao Maputo e do Indico ao Zumbo e mesmo com os que se encontram fora das nossas fronteiras nacionais que participam nos nossos debates. O convite está formulado

Armando Emílio Guebuza
(Presidente da República de Moçambique)