03/04/2011

Março e Abril: Os meses especiais da Mulher Moçambicana


Nos meses de Março e Abril celebramos importantes datas ligadas à História da Emancipação da Mulher Moçambicana.
Na verdade, a 4 de Março recordamo-nos da fundação do Destacamento Feminino, acto marcado pela entrada, em 1967, no Centro de Preparação Político-Militar de Nachingweya, das primeiras 25 jovens vindas das Zonas Libertadas para treinos de guerrilha. A 16 de Março celebramos a fundação da Organização da Mulher Moçambicana, o ponto mais alto da conferência que se realizou de 4 a 16 de Março de 1973 em Tunduru, Tanzania. No dia 7 de Abril, celebramos o Dia da Mulher Moçambicana, uma data em que também assinalamos o falecimento da Josina Machel, combatente da Luta de Libertação Nacional e dirigente do nosso movimento de libertação com uma paixão especial para as crianças e para a emancipação da mulher. Pela passagem dos 40 anos depois do seu desaparecimento físico, vamos, este ano, erguer-lhe uma estátua em Chilembene, terra natal do seu esposo, o saudoso Presidente Samora Moisés Machel.

Antes de entrarmos propriamente no tema da mulher, queremos agradecer os comentários e as visitas que fizeram à nossa postagem intitulada “Diálogo: Mecanismo de partilha de ideias e de socialização dos desafios”. Concordamos com o internauta que afirma que o diálogo se intensifica em Moçambique pois “hoje dialogamos mais do que ontem, amanhã iremos mais longe”. Também achamos interessante a relação que outro blogista estabelece entre o diálogo e a educação cívica e moral. Trata-se de uma contribuição que complementa a de um outro internauta que entrelaça a cidadania, a paz e o desenvolvimento participativo. Tomamos boa nota destas contribuições e reafirmamos que o diálogo vai continuar com e entre diferentes sectores da nossa sociedade. A segunda edição deste mandato da Presidência Aberta e Inclusiva que dentro de dias vai ter início e as réplicas a outros níveis deve ser visto neste prisma.

Como dissemos na parte introdutória nos meses de Março e Abril celebramos importantes datas que demonstram que a problemática da emancipação da mulher e a sua libertação para assumir diferentes papéis na sociedade têm estado no centro das nossas atenções desde o início da Luta Armada de Libertação Nacional. Por isso, para nós a participação da mulher na libertação da terra e dos homens era participar na sua própria emancipação.

Como temos sublinhado, a luta pela emancipação da mulher moçambicana desenrolava-se à volta de três dimensões fulcrais. Na primeira dimensão, ela própria procurava libertar-se dos complexos que perpetuavam a sua posição de submissão e inferioridade inibindo-a de ocupar determinados papéis na sociedade. Na segunda dimensão, os homens e a sociedade procuravam libertar-se dos tabus sobre os papéis sociais pré-destinados à mulher. Na terceira dimensão desta luta ela participava, com bravura, em todas as frentes e em pé de igualdade com os homens, na libertação da nossa Pátria Amada da dominação estrangeira.

Como o homem moçambicano, a mulher moçambicana encarou a Independência Nacional não como um fim em si, mas como um importante marco facilitador da luta pela sua própria emancipação e desconstrução dos preconceitos sobre ela e sobre os papéis que lhe cabem na realização do nosso sonho colectivo, o sonho de 25 de Junho de 1962, o sonho de um Moçambique próspero, sempre unido e em paz e com crescente prestígio no Concerto das Nações.

Hoje, podemo-nos congratular com o que a nossa sociedade e a mulher moçambicana conseguiram alcançar. Com efeito, cresceu o número e diversificaram-se as áreas de formação e intervenção da mulher em Moçambique. No mesmo contexto, aumentou o número de organizações nacionais que lidam com assuntos da mulher, de forma especializada. É também nestas organizações que se forjam as lideranças desta Pátria de Heróis e onde se cristalizam valores como a auto-estima, a Unidade Nacional, a Cultura de Paz, a boa governação e o sentido de servir Moçambique e o seu Povo.

São significativos os avanços que a emancipação da mulher registou em Moçambique. Por isso, queremos usar desta oportunidade para saudar a Mulher Moçambicana por todas estas conquistas. Queremos, igualmente encorajá-la a explorar todas as oportunidades que se abrem para participar de forma cada vez mais activa na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Em particular, queremos encorajar a rapariga a matricular-se e a concluir níveis cada vez mais avançados no nosso sistema de educação.

Posto isto, convidamos os internautas a ajudarem-nos a responder a esta pergunta: o que mais podemos e devemos fazer para acelerar o processo de emancipação da mulher em Moçambique?


Armando Emílio Guebuza
(Presidente da República de Moçambique)