25/10/2011

Cooperação Internacional entre instituições de pesquisa:Seu papel na melhoria das condições de vida dos povos

Senhor Ministro da Saúde;


Senhor Presidente do Conselho da Rede INDEPTH;

Senhor Presidente da Fundação Manhiça;

Senhores Membros do Conselho de Ministros;

Ilustres Chefes das Missões Diplomáticas

e Consulares e Representantes de Organizações Regionais e Internacionais;

Senhora Governadora da Cidade de Maputo;

Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo;

Senhor Director Executivo da Rede INDEPTH;

Senhor Presidente do Conselho de Administração da Fundação Manhiça;

Estimados Investigadores dos Centros de Pesquisa membros da Rede INDEPTH;

Distintos Convidados;

Minhas Senhoras e Meus Senhores.

É com muito júbilo que endereçamos as nossas mais calorosas boas vindas a todos os presentes e, em particular, aos cerca de 300 cientistas que aqui se encontram, em representação de 42 centros de pesquisa de África, da Ásia e da Oceânia. Saudamos a decisão de escolha de Maputo, nossa cidade capital, para berço das decisões da Décima Primeira Conferência Científica da Rede INDEPTH.

Dirigimos uma palavra de admiração e de apreço aos nossos ilustres cientistas por aquilo que têm feito em prol da Humanidade. Com profissionalismo, paixão e humanismo, despendem horas a fio a buscar respostas:

 para salvar vidas;

 para prevenir doenças; e

 para restaurar a esperança de mais anos de vida a homens e mulheres deste planeta.

Este evento é enriquecido pela diversidade de representatividade dos cientistas, quer em termos de nacionalidade, quer em termos de geração quer ainda em termos de experiências dos participantes. Esta é uma realidade que nos agrada, sobremaneira, pois nesta diversidade estão irmanados pelo bem servir à sociedade, a força que vos move para aprenderem uns dos outros, sempre e todos os dias.
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Vivemos num mundo globalizado, caracterizado por uma intensa interdependência entre Estados e pela complementaridade das economias. Os avanços tecnológicos e os que se registam na área das tecnologias de informação e comunicação têm um impacto directo nas nossas vidas. Com efeito, estes avanços:

 Tornam as comunicações entre cidadãos mais fáceis e em tempo real;

 Fazem com que a circulação de pessoas e bens seja mais rápida; e

 Induzem reduções drásticas nos custos de viagens.

Estes desenvolvimentos trazem novos desafios para os profissionais de saúde e para os investigadores de doenças. Um destes desafios tem a ver com a facilidade de propagação de doenças. Uma doença que no passado precisaria de meses ou mesmo de anos para viajar de uma região do globo para a outra, hoje só precisa de horas ou de dias. Por isso, neste mundo globalizado e interdependente, os problemas de saúde de uns países podem facilmente se transformar em problemas de saúde de outros países. A resposta a estes desafios é o estreitamento da cooperação entre os vários países e entre os seus pesquisadores e pessoal médico.

Por isso, apraz-nos registar que a Rede Internacional para a Contínua Avaliação Demográfica da População e da sua Saúde, cuja cerimónia de abertura temos a honra de presidir seja um exemplo dessa cooperação inter-institucional. Este é um exemplo louvável que demonstra como instituições de diferentes partes do globo podem desenvolver uma cooperação profícua e mutuamente vantajosa e com impacto na melhoria das condições de vida dos nossos povos. Na verdade, nesta rede:

 são partilhados resultados e experiências de pesquisa;

 são conjugadas sinergias e rentabilizados recursos; e

 são criadas condições para contacto com a realidade em que os diferentes cientistas e pessoal médico, membros desta rede, operam.

Têm, pois, mais uma oportunidade para reafirmarem o vosso compromisso de juntos continuarem a trabalhar para o bem da Humanidade. Apraz-nos notar e saudar a vossa valiosa contribuição na busca, em parceria com os nossos governos, de soluções e intervenções concebidas a partir desses sistemas de vigilância demográfica para a saúde pública. Saudamos ainda a vossa incomensurável contribuição para a compreensão do comportamento de epidemias e para a testagem de intervenções para a sua prevenção e combate, custo-eficazes, para os nossos sistemas de saúde.

Por isso, graças à cooperação que desenvolvem, registam maiores sucessos ainda nos trabalhos que realizam na identificação de doenças que causam maior preocupação aos nossos governos e aos nossos povos bem como na determinação do seu peso no sistema de saúde. Com apoio da pesquisa apresentam, deste modo, propostas melhor informadas e argumentadas sobre as medidas a tomar para o controle e combate dessas doenças. Os resultados que advêm desta cooperação inter-institucional adensam, assim, a nossa convicção de que estamos perante uma plataforma indispensável e fundamental para que as nossas intervenções na área da saúde pública sejam sempre proactivas, eficientes e eficazes.

O percurso de treze anos de vida desta associação trouxe-vos muitas lições. Ao longo destes anos foram aprimorando metodologias de recolha, tratamento e interpretação de dados. Reconhecemos que ainda há desafios mas o facto de estarem a cooperar na produção e publicação de novos resultados, para que sirvam de alicerce à tomada de decisão em matérias de Saúde Pública é um indicativo de que estão dispostos a superar esses desafios. Uma das provas dessa vossa entrega para a superação desses desafios encontra-se no lema desta conferência QUE NÓS CITAMOS “aumentando a produtividade e utilização de dados dos sistemas de saúde e de vigilância demográfica para a saúde pública em países em via de desenvolvimento”.

FIM DA CITAÇÃO.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

O nosso Governo definiu e está a implementar a Agenda Nacional de Luta Contra a Pobreza rumo à criação do nosso bem-estar. As doenças criam enormes dificuldades para a implementação desta agenda. Com efeito, elas, as doenças portanto, têm custado ao Estado avultadas somas monetárias que, de outro modo, seriam canalizadas para áreas como a de prevenção dessas mesmas doenças e de mortes preveníveis.

São recursos que também poderiam reforçar a nossa capacidade de dotar unidades sanitárias de pessoal formado, como poderiam ainda ser usados para melhorar a rede escolar e de abastecimento de água.

Do ponto de vista económico as doenças interferem com o sector produtivo ao provocar o absentismo, a falta de pontualidade e de assiduidade bem como a baixa produtividade. Mais grave ainda, é o facto de algumas dessas doenças causarem o sofrimento prolongado dos pacientes e a angústia dos seus familiares.

Identificadas as doenças como obstáculos à implementação da nossa agenda de luta contra a pobreza, lançámos várias iniciativas de carácter multiforme e multisectorial. Para o mesmo tecto juntaram-se ao Governo, a sociedade civil, os parceiros de desenvolvimento e personalidades nacionais eminentes para reflectirem e proporem soluções para os desafios em presença. Neste contexto e a título de exemplo:

 Lançámos a Iniciativa de Saúde Materno-Infantil, para reverter o cenário de óbitos de mulheres durante a gravidez e parto e de crianças com menos de 5 anos de idade;

 Lançámos a Iniciativa de Saneamento do Meio e Promoção de Higiene, como forma de reduzir a incidência de doenças endémicas ou cíclicas como são os casos da malária e da cólera; e

 Lançámos a campanha de sensibilização e de luta contra a pandemia do HIV e SIDA e expandimos a rede para o tratamento Anti-retroviral.

Por outro lado, reduzimos as distâncias entre os locais de concentração populacional e as unidades sanitárias. Foram, assim, abertas e apetrechadas mais unidades sanitárias. Ainda no mesmo contexto, aumentamos a nossa capacidade de formação e hoje temos mais pessoal de saúde perto das nossas comunidades.

No seu conjunto, estas acções têm um único propósito: evitar a perda de vidas humanas por doenças preveníveis!
Distintos Cientistas,

Endereçamos as nossas felicitações ao Centro de Investigação em Saúde da Manhiça pela organização desta conferência científica em parceria com Rede INDEPHT. A todos aqueles que se juntaram a esta louvável iniciativa vão os nossos agradecimentos. Uma saudação especial vai para o Reino da Espanha e para todos os outros parceiros pelo seu reiterado apoio ao Centro de Investigação em Saúde da Manhiça.

Trata-se de uma das instituições nacionais que tem desempenhado um papel de grande relevo na busca de soluções para os problemas de saúde em Moçambique e para o mundo. Através dos seus sistemas de vigilância demográfica e de saúde, o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça tem produzido ferramentas importantes de prevenção e tratamento de doenças mais frequentes.

Convictos de que cada um dos participantes irá dar a sua melhor contribuição para o sucesso deste evento, e das etapas subsequentes, temos a honra de declarar aberta a Décima Primeira Conferência Científica da Rede INDEPHT.


Muito obrigado pela vossa atenção!

 
Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, por ocasiao da abertura sa XI Conferência Científica da rede INDEPTH  (International Network for Continuos Demographic Evaluation of Population  and Their Health)

24/10/2011

MARINHA MERCANTE:Seu potencial para aproximar Moçambique e Noruega

Senhor Ministro dos Transportes e Comunicações;



Senhores Membros do Conselho de Ministros;


Senhores Vice-Ministros;


Senhora Governadora da Cidade de Maputo;


Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo;


Senhor Presidente do Conselho de Administração da Empresa Caminhos de Ferro de Moçambique;


Distinta Embaixadora do Reino da Noruega;


Ilustres Chefes das Missões Diplomáticas e Consulares;


Distintos empresários;


Minhas Senhoras e Meus Senhores.


Estamos em crer que o baptismo, amanhã, do navio norueguês com o nome Hoeg Maputo, é um pequeno e singelo gesto em sí que, ao mesmo tempo, está carregado de simbolismo transcendental e significado profundo, no contexto das relações de amizade, solidariedade e cooperação entre a República de Moçambique e o Reino da Noruega. Os nossos povos lançaram a semente destas excelentes relações durante a nossa Luta de Libertação Nacional.


Nessa altura, o Reino da Noruega tomou a decisão de dar apoio multiforme ao nosso movimento de libertação e reconhecer-lhe como legítimo representante das aspirações do nosso Povo, sob dominação estrangeira.

Estas relações viriam a ganhar um maior ímpeto, depois da nossa Independência Nacional, com vários programas de apoio à reconstrução nacional e ao desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Na área da Marinha Mercante, o apoio do Reino da Noruega foi fundamental para a operacionalização dos serviços de cabotagem, tendo, neste contexto, contribuído para a formação e afirmação da empresa Navique. O Reino da Noruega deu-nos um valioso apoio para o estabelecimento da Escola Náutica e para a operacionalização dos serviços de hidrografia marítima, através do Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação.

Graças a esse apoio nestas diferentes áreas da nossa marinha mercante, temos muitos quadros moçambicanos formados e a darem a sua contribuição para o desenvolvimento deste sector. Além desses quadros, a parceria entre o Governo de Moçambique e o Reino da Noruega abriu espaço para a participação do sector privado em importantes áreas da nossa economia.

Por isso, a cerimónia de baptismo do navio, amanhã, tem o condão de lançar uma nova semente, que, na fertilidade gerada pelas nossas excelentes relações político-diplomáticas, tem grandes possibilidades de brotar robusta para se transformar numa frondosa árvore, na sombra da qual as nossas relações no sector da marinha mercante vão certamente florescer. A experiência norueguesa nesta área é milenar e é reconhecida em todos os quadrantes do mundo.

Hoje, esta indústria e os serviços navais agigantaram-se para se colocarem ao lado do petróleo e do gás como promotores do desenvolvimento do vosso belo País e do reforço das relações com outros países do mundo, incluindo o nosso.

Minhas Senhoras e Meus Senhores

A nossa posição geográfica, que nos coloca como uma idílica varanda do Índico, e os mais de 2 700 quilómetros de linha de costa e as nossas abundantes águas interiores constituem uma base fundamental para o desenvolvimento da marinha mercante, quer seja no âmbito marítimo, quer seja no âmbito fluvial quer seja ainda no âmbito lacustre. Por isso, nós temos o potencial para a prosperidade de uma indústria e serviços navais para a marinha mercante, nas suas diferentes vertentes, dimensões e áreas transversais.

Temos assim condições para o desenvolvimento da indústria de transporte de passageiros e carga ao longo da costa, nos lagos e nos rios que sulcam esta Pérola do Índico. Neste quadro, a marinha mercante tem um papel fundamental para a redução dos preços de transacção de bens e serviços para o nosso Povo e para uma grande parte dos povos dos países vizinhos.

Na marinha de pesca buscamos parte das soluções para os nossos problemas de fome e de melhoria da dieta alimentar.

O nosso potencial nesta área é enorme não só para resolver problemas nutricionais como também para gerar mais postos de trabalho e renda para muitos dos nossos compatriotas.

No mar temos igualmente recursos indutores do aumento das nossas exportações que muito contribuem para o equilíbrio da nossa balança comercial e para divulgar o nome desta Pérola do Índico noutras partes do mundo, através dos nossos produtos.

A nossa costa, salpicada de ilhas paradisíacas, tem um enorme potencial para o desenvolvimento do turismo, nas suas mais variadas formas. Destaque vai aqui para a indústria de cruzeiros, para o desporto náutico e para as outras actividades recreativas e de lazer que podem impulsionar, mais ainda, as indústrias culturais, a hotelaria e outros serviços, incluindo os da área de transportes aéreos e terrestres.

Queremos recordar à ilustre audiência que a distância que separa as nossas praias, de águas mornas, dos parques e reservas é muito curta: nem a televisão de alta definição pode substituir a experiência, em primeira mão, de contemplar a nossa fauna bravia!

Dada a rede de outros serviços de apoio à marinha mercante, entre eles a autoridade marítima, a formação náutica, as operações ferro-portuárias e a investigação marinha, ela, a marinha mercante, portanto, dinamiza muitos outros sectores de actividade. Promove, assim, a criação de oportunidades de negócio e emprego que não se situam apenas ao longo da nossa costa, nas muitas ilhas, nas nossas águas territoriais, e nas águas interiores mas também noutros sectores de actividade e no interior desta Pérola do Indico.


Minhas Senhoras e Meus Senhores

Em reconhecimento do nosso potencial neste sector, definimos como prioridade o seu fortalecimento, com incidência para a reactivação da cabotagem costeira tendo em vista facilitar o abastecimento do nosso Povo em bens essenciais e contribuir para a comercialização agrícola e de outros produtos, bem como para o transporte de insumos. Temos igualmente estado a proceder à reabilitação dos portos e caminhos-de-ferro e a melhorar a qualidade de outros serviços de apoio à marinha mercante.

Temos ainda estado a impulsionar o sistema intermodal de transporte para facilitar a circulação de pessoas e bens.

É na melhoria da nossa prestação nesta área que enquadramos a cerimónia de baptismo, amanhã, do navio norueguês, com um nome moçambicano. Neste quadro, acreditamos que existe uma grande possibilidade de combinar a experiência milenar de navegação e de indústria naval do Reino da Noruega com o potencial para o investimento na nossa costa e águas interiores.

Este potencial de investimento cresce, mais ainda, se tivermos em conta, as excelentes relações de amizade, solidariedade e cooperação entre os nossos dois países e as novas oportunidades que são criadas pela indústria extractiva, particularmente a mineira.

Esperamos pois que a cerimónia que tem lugar amanhã seja por todos nós vista como uma janela de oportunidade para o reforço e diversificação da cooperação entre os nossos dois países, contando, neste caso particular, com a activa participação do sector privado.


Aliás, a marinha mercante demonstra como não há países distantes, uns dos outros, quando a vontade e a determinação de desenvolverem uma cooperação estreita é muito forte, como no caso de Moçambique e da Noruega.



Muito obrigado pela vossa atenção.



 
(Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, no jantar organizado para os empresários convidados ao baptismo do navio Hoeg Maputo)