24/11/2009

A TOPONIMIA: Uma questão de auto-estima, identidade cultural e historia



Uma vez mais sentimos que valeu a pena abrir esta página para interagir com os meus compatriotas. Temos recebido inúmeros conselhos e, mesmo através das percepções que alguns dos nossos compatriotas têm sobre determinado fenómeno, aprendemos que devemos agir deste ou daquele modo. Gostaríamos de reconhecer os elogios e os encorajamentos que nos foram dando sobre a nossa governação e a atenção que nos chamaram sobre diferentes desafios que temos pela frente sendo o de maior destaque a implementação, diríamos até, mais célere, das nossas decisões.
Um apelo que foi lançado de forma recorrente era para que este espaço não parasse depois da campanha. Na verdade, ele não nasceu na campanha, mas durante a campanha, em resposta a pedidos colocados durante a nossa Presidência Aberta e Inclusiva, essa nossa complexa e multidimensional cultura política, essa nossa maneira de colocar o nosso Povo e os seus mais nobres anseios no centro das atenções da nossa acção governativa. Se estiverem recordados dissemos que foi durante a visita que realizámos aos Centros Multimédia Comunitários de Chitima, na Província, de Tete, de Chokwe, na Província de Gaza, e da Catembe, na Cidade de Maputo, que interagimos com os jovens gestores e beneficiários destes Centros. Estes, interpretando o sentimento de outros compatriotas nossos, pediram-nos para com eles nos comunicarmos, fazendo uso das tecnologias de informação e comunicação. Por isso, esta página não vai parar não. Como poderia ela parar se vem enriquecer a nossa cultura política que se fundamenta no diálogo e na busca incessante de conselhos deste povo especial, o maravilhoso Povo Moçambicano?
Como anunciamos logo no primeiro artigo, vamos acompanhando as postagens e todos os nossos compatriotas tenham a certeza de que estamos, efectivamente, a acompanhar o que têm estado a comentar, a sugerir e a criticar. O nosso estilo de trabalho é este e quem já assistiu às nossas reuniões com organizações da sociedade civil, com académico e outros intelectuais na Presidência da República, com os Conselhos Consultivos e com a população em comícios sabe que entramos para esse encontro com um bloco de notas limpo para sair com o mesmo bloco muito bem preenchido com as valiosas contribuições dos intervenientes. Não é nosso estilo comentar necessariamente tudo o que é dito nesses encontros embora guardemos tudo como lições, como conselhos. Por isso, caro compatriota, os seus conselhos são e serão úteis na nossa governação, pois este canal já está a trazer uma nova dimensão à Presidência Aberta e Inclusiva.
Para nós seria vantajoso que todos os nossos interlocutores se apresentassem com nomes próprios e, sobretudo, com um pequeno perfil. Assim teríamos uma ideia mais clara sobre com quem estamos a interagir tendo presente a sua formação, idade e ocupação. Mas isto não é obrigatório nesta página.
Hoje gostaríamos de abordar um novo tema: A toponímia. De um modo geral, os topónimos encerram uma parte da nossa identidade cultural, do nosso percurso histórico e são uma inestimável fonte da nossa auto-estima, do nosso orgulho de sermos moçambicanos. Por isso, na nossa governação está sempre presente a necessidade de aproximar a nossa toponímia à realidade social, cultural e política do nosso Moçambique, livre e independente. Foi neste contexto que substituímos, por exemplo, os nomes de localidades, de instituições educacionais e de ruas, impostos pela colonização, por nomes que reflectem a nova realidade da nossa Pátria Amada. Também neste exercício se enquadra o papel que conferimos aos líderes comunitários e às cerimónias de evocação dos antepassados.
Temos consciência de que a substituição dos topónimos não está ainda completa. Com efeito, temos, por exemplo, ainda muitos nomes geográficos que não têm nenhuma relação com a nossa realidade de Estado soberano. Por outro lado, temos também casos de substituições que não foram ao encontro da forma como esses topónimos são pronunciados pelos falantes da língua-fonte. Foi assim que ficamos com Cuamba em vez de Mkwapha, de Gondola em vez Gandura e por aí fora. Por isso, a referência desse local em português em nada se aproxima da referência usada pelo intérprete e pela população. Este problema é exacerbado pela ortografia que se usa para as línguas moçambicana onde nomes que deviam ter os mesmos símbolos acabam confundindo o leitor chegando-se à situação de só quem escreveu ou aquele que partilha dessa “escola de formação ortográfica” é que é capaz de ler. Um dos desafios que temos, pois, é como reflectir a pronúncia corrente na língua do topónimo, um processo a que se deve chegar também através de uma ortografia padronizada.
Quando falamos de toponímia outras duas questões fundamentais se levantam: por um lado, a auto-estima e o reforço da nossa identidade e sentido de história. Por outro, a necessidade de encararmos a escrita correcta e padronizada dos topónimos como uma medida que vai contribuir para a divulgação dessa ortografia dentro da nossa sociedade.  
Há uma outra dimensão social que nos interessa destacar. Os topónimos encerram importantes traços da nossa história, outros são repositórios de lendas, de saberes e de exemplos de talento e de bravura dos nossos antepassados. Este manancial epistemológico nem sempre se encontra registado e disponível para a sua divulgação mesmo nas escolas inseridas nesse espaço geográfico e nas comunidades donas desse nome. O que podem os moçambicanos fazer para divulgar estes ricos elementos da nossa identidade? Não vamos aqui entrar na antroponímia mas queríamos encorajar os nossos compatriotas a habituarem-se a desenhar e a conhecer as suas árvores geneológicas, os mais velhos passando essa informação aos mais nossos e estes pelas gerações vindouras. Cada família devia sentir essa responsabilidade de preservar e valorizar a sua história.
A toponímia e a língua têm uma relação simbiótica de grande relevo. Por isso, a sua valorização passa pela valorização das línguas moçambicanas, que não são dialectos, como alguns dos nossos compatriotas erradamente as designam. A sua valorização passa também pela padronização e divulgação da sua ortografia. Neste contexto, a revisão da toponímia só terá sucesso se formos capazes de, primeiro, dar o valor que as nossas línguas merecem. Em segundo lugar, aceitar que elas devem ter uma ortografia padronizada como qualquer outra língua do mundo. Finalmente, que elas são o veículo principal da nossa moçambicanidade de que a toponímia faz parte.
O Governo vai continuar a trabalhar na revisão e substituição dos topónimos, na adequação da sua escrita à ortografia padronizada, com vista a espelhar a pronúncia dos falantes da língua-fonte e a reflectir a realidade do nosso Moçambique soberano.
A questão que colocamos para abrir este debate é esta: o que podemos nós, os moçambicanos, particularmente a nossa juventude, mais fazer neste exercício todo? Como sempre contamos com os vossos conselhos.

Armando Emílio Guebuza
(Presidente da República de Moçambique, Presidente da FRELIMO e Candidato Presidencial da FRELIMO)

19 comentários:

  1. Jorge Luis26/11/09, 09:17

    Senhor Presidente

    Ainda bem que o seu blog não parou com o fim da campanha. Eu ainda conservo algumas dúvidas em relação a efectividade do seu blog, mas porque acredito que V.Excia é um cidadão de princípios e de palavra, estou confiante.
    Em relação ao tema em epígrafe, realmente Moçambique precisa de desfazer-se de muitos nomes que não têm nada a ver com a nossa cultura e realidade.
    É um tema bastante complexo, mas voltarei a carga com questões pontuais.

    Jorge Luis

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  2. Camarada,

    Destaco a questão da "valorização das línguas moçambicanas, que não são dialectos, como alguns dos nossos compatriotas erradamente as designam". É fulcral, não só na questão da toponímia, mas na fundamental que é a educação.

    As nossas línguas camarada tem que começar a assumir destaque na educação do povo. Temos que parar com a "violência" de iniciar a escolarização com uma língua "estranha" a maior parte do nosso povo... estranha porque apesar de legalmente consagrada como língua oficial, a língua portuguesa não é comumente falada nas zonas rurais onde vive grande parte do nosso povo, daí que urge acelerar e expandir a experiência, o quanto antes, à escala nacional sem, evidentemente, descurar da componente estrutural do Estado e do sector de educação em particular.

    Quanto à toponímia hehehe espero que, de uma vez por todas, se padronize MANDLAKAZI ao invés de Manjacaze. Já agora, vou dar o exemplo, e alterar isso no meu perfil lá no meu blog "Ideias Subversivas".

    Voltarei

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  3. Senhor Presidente, khanimambo por nos propor um tema deveras importante para o nosso Moçambique. Pessoalmente andava com essa preocupação e sinto algum alivio ao saber que o Governo tem a questão da toponimia na sua agenda.
    Eu sou natural de um sitio que oficialmente se chama Cambine, no distrito de Morrumbene, mas o nome verdadeiro daquela Zona é: Mukhambe ou Ka Mukhambe. Ainda em Morrumbene, existe o posto Administrativo de Mocodoene mas que devia ser Makodweni proveniente da palavra Xikodo em Xitswa ou Tswa que significa crânio em homenagem as vitimas da carnificina ali perpetrada no seculo XIX.

    Certamente que não será facil habituar a nova toponimia, caso seja adoptada, mas no fim do dia, todos cantaremos de júbilo ao ver a nossa tradição reconhecida oficialmete, como acontece com os Sul Africanos nos casos de Tswane, Mbombela etc. Khanimambo

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  4. Senhor Presidente

    Fiquei emocionado com a Mudança de nome da cidade de Nelspruit na vizinha RSA para Bombela, estive lá há duas semanas, e ficaria satisfeito se a minha cidade, a cidade da Beira, também tivesse um nome típico cá da terra.

    Mas também não quero que essa mudança de nomes leve a que tudo se chame Armando Guebuza, uma vez que estamos num país com mais escovas do que sapatos.

    Samito
    Beira - Goto

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  5. Sr. Presidente

    Atenção!
    O Nacionalismo exacerbado, e a retirada gradual da toponímia portuguesa para a local pode ter consequencias nefastas à Unidade Nacional no futuro, por isso nada de exageros, o português é o único veículo de comunicação que liga a diversidade linguística e etnica do nosso País.
    Esta discussão alia-se ao ensino de linguas locais nas escolas, um outro perigo num país com um leque de linguas locais que mal geridas podem colocar entraves muito sérios à unidade nacional.

    Quem avisa amigo é

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  6. Exmo Sr Presidente

    Este tema é muito complexo porque tem a ver com a cultura, os hábitos e costumes a que nos habituamos ao longo da vida. Por exemplo, eu nunca percebi porque é que os bairros de Maputo continuam com nomes aportuguesados. Não sei qual é a origem do Sommerchield ou Polana por exemplo. Ainda na sommerchield há uma série de ruas com nomes portugueses que não têm absolutamente nada a ver com Moçambique.
    Seria bom que o governo tomasse a peito estes e outros assuntos ligados a toponímia, mas deve haver antes uma auscultação aos cidadãos sobre estas alterações.

    Obrigado e parabéns pela vitória

    Sara Mateus

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  7. Excelência,

    Começo por dizer que eu faço parte daqueles moçambicanos que não são adeptos de nenhum clube não moçambicano, mesmo que isso não me torne mais Moçambicano, acredito que são raros os portugueses ou russos adeptos do meu Desportivo do Maputo. Por isso, custa-me concordar com muitos dos nomes de lugares de moçambique. Palmas para o município da Cidade do Maputo pelas mudanças efectuadas na Toponimia.

    É fundamental fazer-se uma moçambicanização dos locais de Moçambique. Esta questão da toponímia, acho que deverá ficar na lista para as agendas das Assembleias Provinciais. Digo isso porque eu acredito que esses órgãos devem prestar mais atenção aos assuntos de auto-estima local, sem perder de vista a unidade nacional.

    Sendo o Partido Frelimo dominante em todas as assembleias provinciais, não duvido que o estará garantido o equilíbrio entre a visão LOCAL versus visão NACIONAL.

    Mais uma vez, Sr Presidente, parabéns por carregar Moçambique nas costas, para o porto certo!

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  8. Primeiro combatam o analfabetismo... tantos analfabetos e mais grande parte de ignorantes, gracas a muito baixa qualidade de ensino desde a primaria até a universidade onde nao se formam, mas sim "formatam" Doutores que sao caixas de ressonancia, papagaios e marionetes!

    Meu tio em MANDLAKAZI que é analfabeto, nao está preocupado com a toponimia ou auto-estima, que sao termos que nao conhece.

    Pedia aos responsaveis que deixem de fazer planos de governacao virados para eles, como se fossem a maioria, mas sim, fizessem programas para a maioria, que lamentavelmente é de analfabetos, pobres absolutos, camponeses dedicados a agricultura de subsistencia e padecedores de enfermidades de toda a natureza.

    Por favor, elaborem programas de governo virado a isso e nao "tapem o sol com a peneira", falando de toponimia, auto-estima, etc...

    Perguntaria ao presidente se tem auto-estima em ser o líder de uma nacao tao empobrecida como a nossa, onde em Indice de Desenvolvimento Humano está dentro dos 10 piores paises.

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  9. Estimado Sr.Presidente:

    Em primeiro lugar sauda-lo a si e ao Partido Frelimo pela vitoria alcancada nas eleicoes, assim como aos restantes concorrentes que se fizeram ah campanha norteados por um espirito de democracia e melhoria da vida dos Mocambicanos.

    Congratula-lo igualmente pela manutencao desta forma de comunicacao, pois muitas vezes tenho vontade de lhe fazer chegar preocupacoes e ideias e desta forma sera possivel dar continuidade a esses ensejos.

    Relativamente ah divulgacao do meu perfil,penso ter anteriormente identificado-me, mas mais uma vez aqui segue uma breve introducao:

    Tenho 54 anos, sou formado em Addiction Counselling pela Universidade de Bath/UK, estou a estudar em regime de part-time um Master of Science in Counselling na Universidade de Bristol/UK e trabalho a tempo inteiro como Senior Counsellor na organizacao britanica Action on Addiction/Clouds House (http://www.actiononaddiction.org.uk/treatment/clouds_house/);

    Trabalhei durante 22 anos no sector pesqueiro em Mocambique, estivemos juntos em 1982 na Provincia de Sofala quando V.Excia era Ministro-Residente e eu era o Director Adjunto da Emopesca Beira, tendo igualmente desempenhado funcoes como Director Geral da Mosopesca durante 8 anos, ate a sua liquidacao em 1992; fui igualmente atleta e Capitao da Seleccao Nacional de Hoquei em Patins e posteriormente Seleccionador Nacional; actualmente estou ligado ah Federacao Mocambicana como Conselheiro Tecnico.

    Em relacao ao actual tema, “Toponimia” gostaria de comecar pela palavra-mae MOCAMBIQUE e a sua ligacao com “a auto-estima e o reforço da nossa identidade e sentido de história”.

    Sr.Presidente, penso ser do seu conhecimento que foi decido em Julho deste ano, na cidade de Vigo/Espanha, a entrega da organizacao do proximo Campeonato Mundial de Hoquei em Patins a Mocambique, a realizar-se em 2011 na nossa bela Capital.

    No entanto, todo o bom nome de Mocambique e as capacidades organizativas dos Mocambicanos estao postos em causa, com a situacao actual em que se encontra a modalidade, a sua estrutura directiva (Federacao de Patinagem, Associacao de Maputo), clubes, atletas, dirigentes, arbitros, etc.

    Por falta de dialogo e de capacidade gestora, a modalidade esta de rastos e isso jah se transpoe para alem fronteiras, sendo do conhecimento do organismo que rege a modalidade CIRH (Comite Internacional Rink Hockey).

    Face a esta situacao, o actual Presidente do CIRH divulgou recentemente numa reuniao da Confederacao Sul-Americana e passo a citar o ““Diario de Cuyo” que a “falta de segurança, de infra-estruturas e a crise económica” poderão pôr em causa a organização do Mundial em Maputo.
    (http://www.diariodecuyo.com.ar/home/new_noticia.php?noticia_id=374346)

    Sr.Presidente:
    Mocambique vai realizar os Jogos da CPLP em 2010, vai realizar os Jogos Africanos em 2011 e nao consegue realizar um primeiro campeonato mundial de hoquei em patins?

    Temos varias infra-estruturas desportivas que precisam de reabilitacao, temos hoteis e necessaria seguranca, a crise economica nao pode constituir o principal entrave se houver apoio por parte do Governo (como foi reiterado pelo proprio Ministro Sumbana em Vigo), empresariado e outras entidades economicas.

    Algo nao esta a bater certo: a atribuicao a Mocambique tem muito a haver com o historial da modalidade a nivel mundial, a nossa identidade revela-se atraves da nossa capacidade organizativa, da nossa vontade de vencer, da nossa luta constante e interminavel na remocao de obstaculos e dificuldades, nestas realizacoes reforcamos a auto-estima colectiva e reforcamos o bom nome de Mocambique alem fronteiras.

    (continua)

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  10. (continuacao)

    Na sua edicao de hoje do Jornal Noticias, na pagina de “Opinioes” manifestei a minha primeira reaccao ao que se esta a passar, mas a situacao ainda eh mais grave do que parece, pelo o que me decidi partilhar aqui neste tema, que para mim vem mesmo a proposito e na devida altura.
    (http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/926161)

    Por hoje eh tudo Excia, agradecendo-lhe antecipadamente ter-me deixado aqui desabafar as minhas preocupacoes e aguardando que algo seja feito muito rapidamente para que o campeonato venha a ser realizado no nosso Pais.

    Respeitosas Saudacoes

    Jose Carlos Lopes Pereira

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  11. Campeonato mundial de hoquei em Mocambique??? Se isso nao interessar a Frelimo, esquece!!!
    Veja o caso de Matchedje, uma localidade recondita e esquecida, de repente foi escolhida para sede do congresso da Frelimo: se instalaram infrastruturas, comunicacoes satelitais, luz, agua, etc... tudo first class

    Terminou o congresso, tudo o vento levou... e voltou a seu status quo.

    Mocambique, mocambique olha o teu caminho!!!

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  12. Mocambique... pais de covardes!!! Vamos mudar o nome para COVARDALIA???

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  13. É encorajador saber que os comentários neste ´blog´têm sido acompanhados.

    Relativamente à padronização da ortografia das línguas `bantu` de Moçambique, parece-me que já há trabalhos encetados neste sentido. Por exemplo, ´xitswa´, língua referenciada por um compatriota acima, convencionou-se escrever-se ´citswa´. Mas, pairam algumas dúvidas em relação a essa padronização. SE ESTAMOS A PADRONIZAR A ESCRITA DE LÍNGUAS ´BANTU´ PARA MOCAMBICANOS, CUJA LÍNGUA OFICIAL É PORTUGUÊS, PORQUÊ NAO USAMOS O ALFABETO E AS REGRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA? Explico-me: temos, por exemplo, as palavras ´Chókwè´, ´Macuácua´ e ´Shona´. As minhas dúvidas - provavelmente controversas - são: Porquê não escrevemos Chócue, de igual modo que não escrevemos Makwakwa? E, se quisermos manter ´Chókwè´, qual é o motivo dos acentos? Outro aspecto tem a ver com as letras ´CH´ e ´SH´, nas palavras ´Chókwè´ e ´Shona´ respectivamente, que produzem um mesmo som. Não será isso uma fonte de problemas na aprendizagem?

    Em relação à toponímia, gostaria que a auto-estima que poderá advir dela se expandisse também para os nossos nomes. Quando digo que me chamo MALENGUA, alguns compatriotas ou riem-se ou ficam à espera que eu diga um nome europeu ou judeu...

    A árvore genealógica poder-nos-á levar a situacoes em que descobriremos, por exemplo, que sou de Massinga, o meu pai de Buzi, a minha mãe de Mandlacaze, os meus avôs paternos de Angoche e os meus avôs maternos de Mutare. Isto poderá diluir a divisão entre ´nós´ e ´eles´ e reforçar a nossa identidade como moçambicanos...

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  14. SOU JOVEM DE 28 ANOS ACHO QUE O DEBATE E BEM VINDO PORQUE SE OS BRASILEIROS TEM O SEU PORTUGUES NOS TAMBEM SOMOS CAPAZES DE FORMALIZAR OS NOSSOS .VOCABULARIOS TIPICOS MADE IN MOZ

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  15. Camarada

    venho chamar a sua atencao para defender que os mocambicanos tenham direito a ter um salario que vai de acordo com a producao das empresas, eu concretamente trabalho numa consultoria na area de geologia que presta servico para a segunda maior mineradora do mundo mas, mas a empresa na qual trabalho ganha mais de 250% do valor que a muiltinacional paga por meus servicos, isso e estremamente desgastante para quem trabalha duro.

    vamos valorizar os mocambicanos obrigando as empresas a pagarem bem.

    Emidio

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  16. Emidio,

    Como vc vai exigir do nosso governo "melhores salarios" se eles fazem parte desses conglomerados que nos exploram, ou tem a sua propina. O nosso governo nao eh popular e nao esta para servir ao povo, senao a seus interesses...

    Lembras-te do caso da Mozal em 2001 quando os trabalhadores como vc fizeram greve por melhores condicoes laborais, que disse o governo??? Lhes mandou a merda e ateh hoje estao na merda: o estrangeiro eh REI em Mocambique, mas o Mocambicano eh LIXO no estrangeiro... na Africa do Sul ateh "queimam esse lixo"

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  17. Excelencia,eu axo que seria importante marcharmos mais rapidamente nao para o debate mas sim para substituirmos imediatamente todas as fontes que nos relembram as mais crueis formas de colonizacao jamais vistas por simples nomes de cores, fenomenos naturais,plantas, lideres comunitarios, clas familiares, rios,ou por outra avancarmos muito mais rapido para a outras fontes de equilibrio, a esta estrategia excelencia gostaria de podermos incluir tambem para a utiliuzacao dos nossos nomes tradicionais colocando-os entre aspas por exemplo o meu Armenio Naene"Massengane" esta utilizacao publica traria bastante sucesso no nosso saber africano, por julgo que os colonizadores hoje estao bastante animados em tentar dar merito a nossa historia como sendo sua pertenca, julgo termos bastante papeis na gaveta por entender um abracao

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  18. Camarada, é um prazer interagir com V. Excia, e na esperança de que, acelerará a implementação das suas decisões, é de salientar que os topónimos encerram uma parte da nossa identidade cultural. Todavia, agradecíamos que a necessidade de aproximar a nossa toponímia à realidade social, cultural e política do nosso Moçambique, livre e independente estivesse sempre presente na sua governação. Tudo porque corroboramos com V.Excia de que a substituição dos topónimos é um trabalho contínuo e que tem de ser feito e com muita urgência, pois muitos nomes geográficos não têm nenhuma relação com a nossa realidade de Estado soberano e que há casos de substituições que não vão ao encontro da forma como esses topónimos são pronunciados pelos falantes nativos.
    No que concerne a padronização da ortografia de línguas moçambicanas, temos a informar que nós, linguistas e os demais intervenientes temos feito um trabalho enorme neste sentido, de tal forma que de 22 – 24 de Setembro de 2008, a Universidade Eduardo Mondlane, realizou o III Seminário Sobre a Padronização da Ortografia das Línguas Moçambicanas, sob o lema: NOSSAS LÍNGUAS, VEICULO DE DESENVOLVIMENTO E DE INTEGRAÇÃO REGIONAL. Porém, tivemos atenção na afirmação de que “os casos de substituições que não vão ao encontro da forma como esses topónimos são pronunciados pelos falantes nativos deve-se a exacerbação da ortografia que se usa para as línguas moçambicanas, onde nomes que deviam ter os mesmos símbolos acabam confundindo o leitor chegando-se à situação de só quem escreveu ou aquele que partilha dessa “escola de formação ortográfica” é que é capaz de ler”. Pois, ao tomar-se a decisão de padronizar a ortografia das línguas moçambicanas teve-se em consideração os aspectos linguísticos como: fonéticos, sintácticos, semânticos, morfológicos, fonológicos, etc.
    E, porque as línguas moçambicanas já estão padronizadas, não temos como desafio reflectir a pronúncia corrente na língua do topónimo, pois o falante nativo sabe pronunciar e com perfeição, porém o desafio que temos é efectivamente, o da divulgação da ortografia já padronizada aos demais compatriotas e a necessidade de encararmos a escrita correcta e padronizada dos topónimos como uma medida que vai contribuir para a divulgação dessa ortografia dentro da nossa sociedade.
    Com isso, acreditamos que a revisão da toponímia terá sucesso pois, nós os moçambicanos sabemos dar o devido valor que as nossas línguas merecem.
    Como jovens, sentimos a responsabilidade de elevar a nossa auto-estima e o reforço da nossa identidade além fronteira, criando assim um blog das línguas moçambicanas, como forma de divulgar todo o potencial inerente a este mosaico cultural de que o nosso belo e maravilhoso Moçambique dispõe. Para tal basta visitar-nos no: www.linguasmocambicanas.blogspot.com
    Na esperança de que contarão, de facto, com os nossos conselhos, informamos que continuem a trabalhar na revisão e substituição dos topónimos, na adequação da sua escrita à ortografia padronizada, com vista a espelhar a pronúncia dos falantes da língua-fonte e a reflectir a realidade do nosso Moçambique soberano. Caso queiram o nosso apoio neste maravilhoso trabalho, informamos que estamos predispostos com cerca de setenta (70) jovens muito bem formados na área. Contudo, esperamos críticas e sugestões que possivelmente queiram apresentar a respeito das Línguas Moçambicanas.

    Visitem-nos: www.linguasmocambicanas.blogspot.com

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  19. Latifo Vinho
    Camrada
    Excelencia
    Estou muito feliz pelas palavras da sua excelencia, espero que faca sentir por todo nosso belo Mocambique, a questao da valorixacao daa Linguas Mocambicanas, pois Mocambique e dos mocambuicanos, e maoir parte deles nao falam a linguas Portuguesa, temos que levar em conta que estes mocambicanos precisam duma participacao activa na tomasda de decisoes, e assim estariamos a falar democracia para todos, a crianca mocambicana deveria estudar na sua propria lingua para nao se sentir estrangeira e evitar o choque cultural, e melhorarmos o fraco aproveitamento da crianca rural nas escolas de ensino basico.
    Escrevermos a nossa historia nas nossas linguas, porque o que se diz numa lingua pode nao se dizer noutra (na lingua so se diz aquilo que quer se dizer na sua propirioa lingua).
    Vamos expulsar o preconceito das nossas linguas, de que sao dialectos, elas sao linguas e muito importantes como qualquer que seja, por elas servem de veiculo do nosso dia, independentemente dos estado civil, racial, economico, po0litico.
    Vamos aprender as linguas sob ponto de vista linguistico, usarmos nos midias na educacao, no tribunal.
    O meu mito obrigado
    ESTUDANTE DE ENSINO DE LINGUAS BANTU, FLCS-UEM

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