01/07/2011

JUVENTUDE: O Outro Nome do Nosso Futuro

Sua Majestade;

Sua Excelência Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Presidente da República da Guiné-Equatorial e Presidente em Exercício da União Africana;
Suas Excelências Senhores Chefes de Estado e de Governo;
Senhores Chefes de Delegação;
Senhor Presidente da Comissão da União Africana;
Senhores Antigos Chefes de Estado;
Distintos Representantes de Organizações regionais e Internacionais;
Minhas Senhoras e Meus Senhores.

Caros jovens


Associamo-nos aos oradores que nos precederam para agradecer a amável hospitalidade que nos tem sido proporcionada pelo nosso irmão, o Presidente Mbasongo, pelo Povo e pelo Governo da República da Guiné Equatorial, desde a nossa chegada a esta bela Cidade de Malabo. Expressamos-lhe, Senhor Presidente, as nossas felicitações pela sua dedicação na condução dos destinos da nossa organização continental.

Os vários instrumentos legais e plataformas políticas a nível dos nossos países e a nível continental, com enfoque na juventude e ancorados no nosso permanente desiderato de investir no seu desenvolvimento, atestam a prioridade que damos a esta camada da nossa sociedade. Na verdade, não podemos conceber uma Nação com outra opção que não seja esta, uma Nação que queira prevaricar no investimento na sua juventude pois, a juventude é, sem dúvida, o outro nome do futuro. É nela e através dela que a sociedade se reproduz, se renova e se consolida como comunidade com comunhão de destino, para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A questão, pois, não é se fazemos algo ou não para a nossa juventude. A questão é, isso sim, equacionar formas de fazer mais e melhor  que temos vindo a realizar em prol da nossa juventude.

Iremos ilustrar os desafios em presença pegando num sector, o da educação, frequentado maioritariamente por jovens e tendo outros jovens como docentes e pessoal administrativo. Aliás, são também os jovens que estão na vanguarda do domínio das tecnologias de informação e comunicação que se encontram hoje no epicentro da massificação das oportunidades de acesso ao conhecimento. São também os jovens que lideram os processos de inovação e pesquisa.

As nossas nações têm estado a registar sucesso na expansão da rede escolar e na democratização do acesso ao ensino. Porém, interpela-nos a dificuldade de operar, com celeridade, as necessárias transformações curriculares para que a maioria das nossas instituições de ensino não continue a ser incubadora de futuros desempregados. Urge, pois, transformar as nossas instituições de ensino em verdadeiros centros de preparação de homens e mulheres determinados a fazerem a sua parte na superação dos múltiplos desafios da actualidade.

O nosso ensino deve ser mais competitivo, de modo a produzir graduados com alto grau de empregabilidade, que possam disputar as ofertas de emprego dentro e fora dos seus países de origem, tirando vantagens do processo de integração regional e continental e da globalização. Importa, por outro lado, que exploremos, de forma mais eficiente, o potencial que o advento das tecnologias de informação e comunicação encerra para a concepção e criação de novas profissões, as profissões do século XXI.

Transformar as instituições de ensino em incubadoras do desenvolvimento não é, todavia, o maior desafio que temos pela frente. O nosso maior desafio tem a ver com as mudanças que os jovens devem operar, dentro de si próprios, reencontrando-se com a sua auto-estima e despertando o seu espírito empreendedor. Nesta mudança de atitude descobrirão o paradoxo de haver desempregados à sua volta quando as suas comunidades estão a braços com problemas de insegurança alimentar, havendo muita terra por lavrar para produzir alimentos. Descobrirão o paradoxo da pobreza num contexto de muitos recursos ao seu redor, recursos esses com o potencial de transformar as suas vidas e gerar empregos para outros seus compatriotas.

Senhor moderador
Minhas Senhoras e Meus Senhores

O nosso entendimento do lugar e papel da juventude na Nação Moçambicana está contido na sábia expressão “Juventude, seiva da Nação”. Trata-se da célebre expressão do nosso saudoso Presidente Samora Machel, cujo ano de 2011 lhe dedicamos pelos 25 anos desde o seu assassinato pelo regime do Apartheid nas colinas de Mbuzini, do lado sul-africano.

A seiva circula por toda a planta, levando nutrientes que lhe asseguram um crescimento saudável. Por analogia, a juventude leva a sua energia, o seu dinamismo e a sua vitalidade para todas as frentes da intervenção humana: a educação, a saúde, a ciência, a tecnologia, o desporto, a cultura, a política, a governação e a garantia da segurança pública e defesa da pátria e da sua integridade territorial.

A qualidade da seiva depende da qualidade dos nutrientes que a planta absorver do solo. De igual modo, a qualidade da intervenção da nossa juventude será determinada pelo investimento que para ela direccionarmos. Tal investimento situa-se na esfera do sistema de valores, tais como a Unidade Nacional, a Cultura de Paz e a Auto-estima bem como a sua aversão à resignação à pobreza. São ainda o amor ao próximo, o respeito pela vida humana, pela promoção da liberdade de expressão, pela emancipação da mulher e pela democracia multipartidária.

A promoção do orgulho pela nossa história e feitos bem como a valorização da nossa cultura e artes permeia as nossas acções de governação. Neste contexto, e a título de exemplo, temos realizado bienalmente, os jogos escolares e o festival nacional de cultura, eventos que são acolhidos de forma rotativa pelas nossas 11 províncias. A instituição do serviço cívico, em complemento ao serviço militar obrigatório, também contribui para incutir estes valores nobres que nos caracterizam como um Povo.

Temos estado a operar mudanças profundas no nosso sistema de educação. O objectivo é fazer da escola um agente de transformação que estimula uma maior exploração dos recursos locais para a melhoria das condições de vida da própria escola  da comunidade. É nestas escolas profissionais e profissionalizantes que os alunos adquirem habilidades que lhes permitam vencer no mercado do trabalho bem como criar o seu próprio emprego e empregar outros moçambicanos.

Ainda neste quadro, destaque vai para os sete milhões de meticais, cerca de 300 mil dólares americanos, alocados anualmente aos distritos rurais e às zonas urbanas que têm em vista produzir mais comida e gerar mais postos de trabalho. No contexto da nossa Presidência Aberta e Inclusiva que nos leva, por um período de cerca de três meses, a escalar anualmente as unidades mais pequenas da divisão administrativa do nosso País, temos entrado em contacto com os resultados produzidos por estes recursos e outros fundos descentralizados, incluindo o Fundo de Apoio às Iniciativas Juvenis.

Por outro lado, temos estado a encorajar e a apoiar iniciativas dos próprios jovens. Neste quadro, destacamos a iniciativa “férias desenvolvendo o Distrito” que consiste em os jovens universitários passarem as suas férias nas zonas rurais onde participam com o seu conhecimento na solução dos problemas daquelas zonas e na prospecção de oportunidade de emprego para o futuro.

O governo estimula e encoraja a formação de organizações juvenis, pois elas constituem plataformas de intercâmbio de ideias entre jovens. Estas organizações juvenis, muitas delas filiadas no Conselho Nacional da Juventude, são também veículos estruturados de transmissão das preocupações, propostas e aconselhamentos dos jovens ao Governo. Estimamos ainda que essas organizações são uma escola de cristalização da consciência de moçambicanidade bem como de aprendizagem de democracia e de exercício de direitos de cidadania.

Caros pares

Alguns de nós, líderes de hoje, fomos, algumas décadas atrás, mais jovens do que somos hoje. Nessa altura tivemos sonhos, vivemos a êxtase de tudo querer fazer em tão pouco tempo. Experimentamos a impaciência e o impulso de querer agir sem restrições, de querer reinventar o mundo! Por vezes, encaramos os nossos pais, os nossos mais velhos como entraves à libertação das nossas energias. Todavia, cedo descobrimos que o verdadeiro obstáculo à realização dos nossos sonhos era o colonialismo. Assim, as nossas energias e determinação, a nossa coragem cristalizaram-se em torno de um ideal maior que era o de libertação. Articulamos e estruturamos as nossas frustrações e revindicações em torno deste projecto. Porque não fomos pioneiros no nosso sonho de liberdade e soberania, pudemos aprender e tirar lições das experiências dos que nos precederam. Uma dessas lições foi a de que a falta de unidade do nosso povo havia inviabilizado o triunfo da luta dos nossos antepassados. A partir desta constatação, Compreendemos que o segredo da vitória devia construir-se em torno da criação de uma parceria nacional forte alicerçada na Unidade Nacional. Assim jovens e adultos de diferentes regiões do país, credos e raças abraçaram-se para esta epopeia de libertação. Cada um trouxe para esta parceria o melhor de si. Sobretudo, a confiança na vitória, construída por nós próprios. Foi esta parceria que nos permitiu vencer em 13 anos um colonialismo que se enraizara em Moçambique por cinco séculos.

Por isso, a nossa mensagem para os jovens moçambicanos e de toda a Mãe-África é: assumam a pobreza, um obstáculo à realização plena da nossa dignidade, como o desafio da actualidade, como um desafio vencível. Somos todos chamados a fazer convergir todas nossas forças em torno de uma parceria destemida, uma verdadeira parceria de gerações para erradicarmos este mal.

Como a experiência nos ensina é na unidade das diferentes gerações que se vencem os grandes obstáculos. Da História aprendemos que nenhuma geração se desenvolveu vilipendiando ou menosprezando outras gerações. É nesta parceria que a impaciência se tempera com o realismo. A espontaneidade com a ponderação, a velocidade com a moderação. É nesta parceria que se insufla esperança onde há desespero, se repõe a confiança onde há incerteza. É nesta parceria que se aprimora a auto superação e em uníssono todas as gerações gritam bem alto: contra a pobreza e pelo nosso bem-estar.

A Luta Continua.
Muito obrigado pela vossa atenção.


(Comunicação de Sua Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, na XVII Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana no tema sobre Juventude - Malabo, 30 de Junho de 2011)

3 comentários:

  1. Bom dia senhor presidente! sou brasileiro e encontrei seu blog ao acaso e gostei muito, tanto que estou seguindoe botei na minha lista de blogs favoritos. Convido-lhe a visitar e seguir o meu blog Opinião & Cia (http://www.opiniocia.blogspot.com)

    abraço!

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  2. Bom dia Senhor Presidente...gostei deste comunicado. :-)

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  3. Excia Senhor Presidente
    “...Como a experiência nos ensina é na unidade das diferentes gerações que se vencem os grandes obstáculos. Da História aprendemos que nenhuma geração se desenvolveu vilipendiando ou menosprezando outras gerações. É nesta parceria que a impaciência se tempera com o realismo. A espontaneidade com a ponderação, a velocidade com a moderação. É nesta parceria que se insufla esperança onde há desespero, se repõe a confiança onde há incerteza. É nesta parceria que se aprimora a auto superação e em uníssono todas as gerações gritam bem alto: contra a pobreza e pelo nosso bem-estar...”.
    Transcvrevo este breve trecho da conclusão da intervenção de S. Excia nosso Presidente da República, porque concordo plenamente, porém, na luta contra os grandes obstáculos, a unidade é um ingridiente indispensável para o sucesso, no entanto, para que haja união, é preciso que abra espaço para que mesmo os mais novos, se sintam confotáveis ao expor as suas opiniões, meios para exibir o seu pontencial e alguem para ouvi-los, pois, só assim estaria-se numa situação de luta em “maõs dadas”.
    (Obrigado Pai)

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