22/03/2010

Pobreza: Um flagelo que está e vai ser vencido em Moçambique


Com muito agrado, temos observado nesta página que a Geração da Viragem está a assumir a sua missão histórica, a de combater e vencer a pobreza. Ficamos mais impressionados ainda por saber que esta temática e o papel desta geração na luta contra este flagelo está a alimentar acalorados debates também noutros blogs, alguns dos quais visitamos. Mas lutar contra a pobreza não é tarefa fácil e, por isso, temos insistido que a pobreza mais difícil de remover está na nossa própria cabeça.

Corre, entre alguns compatriotas nossos, a ideia de que a pobreza é um flagelo invencível. Esta percepção reforça-se quando olham para a sua árvore genealógica e concluem que, tendo os ascendentes sido pobres, deles não se pode esperar outra sorte que não a de também serem pobres. Outros segmentos da nossa sociedade, através de palavras e actos, também reforçam essa percepção e desencorajam o florir da experimentação, da criatividade e do empreendedorismo. No reportório artístico nacional temos criadores que, como intérpretes desses nossos compatriotas e dessas percepções, reproduzem e disseminam essa resignação.

Neste ambiente, a falta de auto-estima instala-se e, a partir daí, essa atitude começa, se assim se pode dizer, a comandar a forma de pensar e de agir desse nosso compatriota. Com o seu amor-próprio desfocado, alguns irmãos nossos acabam não conseguindo visualizar, à sua volta, modelos de sucesso que possam imitar. Não conseguem descobrir oportunidades para melhorar a sua vida e, na pior das hipóteses, encontram nos outros cidadãos os culpados pela sua desgraça. Em resultado disso, tendem a acomodar-se na atitude de mão estendida e a resvalar para a inveja e para o crime.
Olhemos por instantes para o nosso passado e dele retiremos lições para construir e adensar a fé de que nós, moçambicanos, podemos acabar com a pobreza nesta Pátria de Heróis. Neste recuo temporal vamo-nos referir à dominação estrangeira e à chamada guerra dos 16 anos.

Durante cinco séculos, Moçambique esteve sob dominação colonial. Ao longo desse período, inúmeras gerações de moçambicanos nasceram, cresceram e morreram. Inúmeros foram também os moçambicanos que poderão ter crescido a pensar que a colonização era parte da sua vida.

Quando a Geração do 25 de Setembro se organizou para desencadear a Luta de Libertação Nacional, depois de se terem mostrado infrutíferas todas as formas de alcançar a independência, por via do diálogo, houve compatriotas nossos que não acreditaram que a independência seria possível. Mesmo alguns dos que aderiram a esta causa, porque ainda dominados pela incredulidade e pouca fé na vitória, traíram a causa do Povo e capitularam ante o opressor.
Organizamo-nos para esta luta em 1962. Em 1975, 13 anos depois, púnhamos fim à subjugação colonial. Acreditámos em nós mesmos e, por isso, vencemos.
Criar, defender e desenvolver um Estado não é tarefa fácil. Mais difícil ainda é fazê-lo perante regimes hostis à causa da liberdade, da paz e do desenvolvimento, como era o nosso caso, com o regime racista da Rodésia do Sul e do Apartheid da África do Sul. A estes desafios sobrepuseram-se os gerados pelos 16 anos de uma guerra que se saldou em mais de 1 milhão de mortos, milhares de refugiados e deslocados internos. Depois de tantos anos de guerra houve quem não acreditasse no seu fim, como não acreditara na possibilidade da defesa da soberania nacional.

Geração do 8 de Março emergiu pouco depois do 25 de Abril para se juntar à Geração do 25 de Setembro na formação de quadros e na reconstrução e defesa da Pátria. Mais tarde, ela participaria no resgate e consolidação da paz, anunciada pelo Acordo Geral assinado em Roma, a 4 de Outubro de 1992.
Depois dissemos: com a Independência Nacional e a paz estão criadas as condições para prosseguirmos com a materialização do nosso sonho de 1962: construção da nossa prosperidade e bem-estar.

Porém, como no passado, há incrédulos, aqueles que não acreditam que seja possível vencer a pobreza, um importante passo na materialização desse sonho de 1962. Eis que emerge a Geração da Viragem que, inspirando-se nas vitórias, honras e glórias das gerações do 25 de Setembro e do 8 de Março, compromete-se a levar a pobreza de vencida.
Esta é uma geração porta-estandarte da heroicidade do Povo Moçambicano, imbuída de auto-estima espírito empreendedor e de uma indefectível crença nessa vitória contra a pobreza. Um dos sinais mais importantes da clareza desta geração sobre a missão histórica que carrega nos ombros foi quando decidiu desmistificar a percepção de que os jovens impõem condições para trabalhar no distrito. Vemos hoje como eles não só corporizam e dinamizam o movimento de estudantes do ensino superior que usam parte das suas férias para participar no desenvolvimento do distrito como também se empregam no sector público e privado e desenvolvem projectos pessoais nestas unidades administrativas desta Pérola do Indico.

Porquê  acreditamos, como a Geração da Viragem, que a pobreza vai ser vencida em Moçambique? Vamo-nos referir à formação, à cultura de trabalho do moçambicano e à expansão de infra-estruturas como indicadores não só do sucesso que estamos a registar nesta luta contra a pobreza como também da certeza de que vamos vencer este flagelo.
Comecemos então pela formação. O moçambicano aproveita e faz bom uso de todas as oportunidades de formação que se lhe apresentem: presencial, à distância (virtual e ou por correspondência) e semi-presencial. Em Setembro de 2008 visitámos o Centro Provincial de Educação à Distância. Ficámos muito impressionados com o número de compatriotas nossos que, em muitos distritos do País, tirando vantagem das tecnologias de informação e comunicação, aumentam os seus conhecimentos, sem saírem dos seus locais de residência. Com a formação virá a produtividade e melhor uso dos recursos à sua disposição, incluindo o tempo.

O segundo indicador prende-se com a ética de trabalho do moçambicano. Devemo-nos orgulhar de ser um Povo muito dedicado ao trabalho e de sermos persistentes na busca da materialização dos nossos sonhos. Felizmente também somos abençoados com recursos naturais diversos: temos muita água doce, uma vasta gama de micro-climas, o mar, a fauna e a flora, só para citar alguns exemplos. Sobretudo, por causa do nosso génio e mãos dextras, temos estado a mudar as nossas vidas. Basta olhar para as nossas cidades e vilas, os nossos subúrbios, os nossos distritos, todo o lado, vemos mudanças, vemos a vida de cada um de nós a mudar: vejo no lar que temos hoje coisas que não tínhamos ontem! É verdade que ainda temos que resolver o problema da produtividade e da eficiência na exploração dos nossos recursos, incluindo o tempo, e das oportunidades que temos no quotidiano. Tratamos deste assunto quando nos debruçamos sobre a problemática da pobreza urbana.

O terceiro indicador está ligado à expansão das infra-estruturas. Esta Pátria de Heróis está a registar a expansão de estradas, pontes, telecomunicações e electrificação. As estradas e pontes colocam os produtores de gergelim de Mutarara, do amendoim de Nipepe, da batata de Boane, do milho da Gorongosa e do tomate do Chókwè cada vez mais perto do mercado. No âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva temos interagido com compatriotas nossos que, explorando as crescentes oportunidades que uma ligação estreita com os mercados oferece, estão a melhorar o seu nível de vida com os rendimentos que daí derivam. A casa de tijolo queimando e de chapas de zinco, a dieta alimentar, a bicicleta e a motorizada testemunham essas melhorias na sua qualidade de vida.

A rede de telecomunicações propicia aos agentes económicos acesso à informação, em tempo real. Por exemplo, com o uso do celular, o produtor de milho de Lugela pode fazer a sondagem nacional da procura e da oferta deste cereal antes de determinar o seu preço.
A electrificação rural cria condições para o surgimento de novas actividades sociais e económicas. Por exemplo, se antes o grosso do pescado capturado tinha que ser seco ou fumado (o que reduz substancialmente seu valor comercial), hoje, mais pescadores podem conservar a sua produção. Mais importante ainda, é que esta actividade ganha maior complexidade com a especialização dos nossos concidadãos em áreas como o aluguer de arcas para conservação do pescado e fornecimento de gelo, transporte do pescado e comercialização a retalho de produtos frescos.

As infra-estruturas dão assim uma nova dinâmica à vida nas nossas cidades e vilas, facilitando o seu abastecimento com a produção nacional e o surgimento de áreas de especialização como processamento, armazenamento, gestão e comercialização. Estes desenvolvimentos abrem, por um lado, espaço para a crescente geração de renda e, por outro lado, para a integração cada vez mais plena da economia nacional entre o campo e a cidade. Estes desenvolvimentos reforçam o nosso apelo anterior no sentido de os actores económicos das zonas urbanas se organizarem melhor para tirar vantagem das oportunidades que surgem e, assim, participarem mais activamente no combate à pobreza urbana.

A experiência mostra que quando a vontade de uns se torna a vontade de todos, então esse colectivo torna-se imparável. Em Moçambique o discurso de luta contra a pobreza foi apropriado e é articulado por todas as gerações de moçambicanos. Por isso, é um discurso institucionalizado e com este enfoque, estamos em condições de ir celebrando as pequenas vitórias como parte dessa marcha imparável. Nesta Pátria de Heróis, nós, os moçambicanos, devemos ser os heróis da nossa própria libertação da pobreza, com cada um de nós fazendo a sua parte.

Como sempre, vamos aguardar pelos comentários e conselhos.  

Armando Emílio Guebuza
(Presidente da República de Moçambique)

9 comentários:

  1. Senhor Presidente
    A Frelimo usou nos primórdios da independência, e até antes, o slogan "combater, produzir e estudar". Julgo que o objectivo acabar com a fome e o analfabetismo foi sempre a orientação da Frelimo. É interessante notar que estas palavras continuam na nossa agenda política.Quando usamos palavras como "combater" no nosso discurso afirmamos exactamente que estmos em luta. E é verdade, pois a missão libertadora só completará o seu ciclo quando deixarmos de ter uma economia dependente da ajuda externa. Justifica-se a declaração de "guerra". Nisto concordo.
    Mas em relação à questão das gerações, tenho algumas reservas. E é neste ponto que eu gostaria que houvesse debate. Será que existe a "geração da viragem"? As gerações 25 de Setembro e 8 de Março completaram um ciclo temporal e cumpriram missões. Tenho dificuldades em situar a geração da viragem, sua liderança, época, missão. Não me parece que o combate à pobreza seja um propósito de uma geração vindoura, porque na minha óptica, o combate começou logo após a independência. O senhor Presidente mais do que ninguém sabe disso, porque continua sendo um dos protagonistas (líderes) deste combate. Digo, desde a independência...quantos planos prospectivos (?) não foram traçados entre 1980 e 1985 visando o combate à pobreza? O discurso da Frelimo foi sempre este. Eu julgo que ainda não existe uma nova liderança à frente deste objectivo. Estou convencido de que se trata da geração 25 de Setembro à frente deste combate, salvo melhor opinião. Podemos ter vontade de virar, mas ainda não o fizemos. Estamos a dar seguimento aos propósitos da geração que inicou a luta armada, felizmente, em constante renovação. Aliás, foi ela que orientou todo o movimento 8 de Março. Como disse tenho dificuldades em identificar esta geração. Traduzo a minha dúvida em forma de pergunta:o que é que identifica esta geração? Acredito, porém, que nós venceremos esta luta.

    Aveiro, Portugal
    Nobre Roque dos Santos

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  2. Senhor Presidente , Excelência

    Mais uma vez fala de nós, a Geração da Viragem. Mais uma vez chama-nos ao debate. E reitero que é muita pena que seja o único a abordar essa questão de forma frontal, é urgent que outros segmentos do poder politico o fizessem ao nível das províncias e dos distritos, talvez se o tema tivesse sido abordado na recente terminada reunião do Comité Político seria uma boa indicação.

    Desta vez. Excelência, permita-me deixar claro aqui alguns detalhes que carecem ser do domínio de V.Excia como repositório e guardião da nossa história. A Geração de que V.Excia faz referência, chama-se Geração 20 de Janeiro. A história remonta a 20 de Janeiro de 2006, quando pela primeira vez iniciamos a epopeia de trabalharmos em regime de ferias no distrito, motivados pelo espírito de querer contribuir para que o distrito realmente se tornasse o polo de desenvolvimento.

    Excelência,

    Torna-se fácil abordar este assunto a V.Excia exactamente porque no ano passado no vosso gabinete de trabalho, nós AEFUM, pudemos apresentar o balanço dos 5 anos de trabalho de criação da consciência nacional no seio da juventude de que nós é que deveriamos combater a pobreza em Moçambique e que o distrito era o campo fertile, a base para alcançarmos o sucesso na nossa luta.



    Excelência,

    A geração 20 de Janeiro é forjada naquele movimento estudantil, mas seguramente ela é composta por todo um conjunto de jovens que acreditam que é possível combater a pobreza; que Moçambique é dos moçambicanos que nós devemos fazer coisas; que não precisamos de esperar que alguém nos entregue o testemunho, pelo contrário somos agents da nossa propria história, esses tantos jovens do Rovuma ao Maputo do Zumbo ao Indico, independentemente da sua filiação política, côr, raça ou tribo, apenas vão ter como marco o dia 20 de Janeiro como element que consagra o reconhecimento da juventude moçambicana que luta diariamente, capacitando-se académicamente e profissionalmente, e de forma pacífica e abnegada em diferentes ramos e frentes vão liderando Moçambique, quer na docência em várias escolas com condições difícies, quer nos órgãos de comunicação social reportando os avanços do país; quer nas ruas no sector informal; quer no sector privado com acções empreendedoras, mas todos eles assentes num e único objectivo tornar Moçambique uma nação próspera e segura onde não se fale de Pobreza.

    Excelência,

    O meu comentário neste blog seguramente não encerrar a questão, seguramente teremos outras opniões, e vários pontos de vista, mas espero que alguns dirigentes quer das Províncias visitadas, quer do Ministério da Juventude e Desportos, Adiministração Estatal alguns Adiministradores, profissionais de comunicação social os meus colegas, entre outros singulars, que tem documentos e documentarios que atestam os factos não se imiscuam de dar o seu testemunho sobre a Geração 20 de Janeiro.

    De vossa Excelência não temos duvida alguma e reconhecemos que tem estado a dar o seu contributo para o reconhecimento dos feitos da juventude, lamentamos apenas que seja o único, mas conforta-nos o facto de sabermos que se depender de V.Excia a Geração 20 de Janeiro a par das outras terá o reconhecimento devido.

    Excelencia

    Obrigado pelo texto, obrigado pelo reconhecimento.

    Noa Inacio-Membro Fundador da Associacao dos Estudantes Finalistas e Universitarios de Mocambique

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  3. Excelência,
    Estamos em Festas, Parabéns Mulher Moçambicana!
    Antes de mais, me permita dizer que rezo para que tenha sempre muita energia saúde visão e essa capacidade de liderança, tanto para guiar o país bem como para gerir o seu lar e família em particular.

    Excelência
    Se eu me perguntar quantos anos tenho? A resposta será 30 anos!
    Vou querer em seguida saber o que fiz da minha vida, quem sou eu para Moçambique e moçambicanos? Ninguém e nada, é a resposta.
    Se pudéssemos quantificar o que devia eu fazer para Moçambique e comparar com o que já fiz, teríamos um "eu" que provavelmente jamais assumiria as palavras de sua Excelência Sr. Presidente, quando por exemplo, diz que é possível vencermos a pobreza. Se hoje tenho 30 anos e nem se quer um par de sapatos comprei como o meu próprio suor, será que eu poderei alguma vez entender o seu discurso?
    Me permita ainda Excelência, antes de mais assumir que eu sou sim um Moçambicano vivendo "Neste ambiente, de falta de auto-estima, amor próprio desfocado". Me permita, eu preciso aceitar que em resultado disso posso tender a acomodar-me na atitude de mão estendida e a resvalar para a inveja e para o crime.
    Excelência.
    Excelente texto o seu, me tirou palavras, queria lhe culpar pelo meu fracasso, pelos meus 30 anos desperdiçados, mas depois de ler o seu texto, filtrar o conteúdo, nenhum jovem vai usar o dedo indicar para lhe acusar. Que me julguem e me acusem por tanto lhe admirar.
    Sem querer fugir das questões em debate, me permita dizer que já na primeira ocasião que tive de lhe ver de perto, tinha milhões de perguntas para lhe fazer, o dedo acusador estava afiado e preparado escondido para pedir a palavra. Foi em Maringue, e quando sua excelência perguntou a um dos apresentadores (agora falecido) o que devemos fazer para arrecadarmos mais receitas, e a resposta bastante frustradora não tinha nada de novo e o homem limitou-se a reportar as receitas que tinha colectado, até os cêntimos ele citava. Naquele momento eu senti pela primeira vez que a responsabilidade de desenvolver o nosso país era minha, era daquele Sr. que estava fazendo de conta que não entendeu a pergunta de Sua excelência o Sr. Presidente da Republica de Moçambique.
    Será que ele não ouviu?
    Fiquei me perguntado...
    Será que a pergunta não fazia sentido?
    Ele podia ao menos dizer que não há mais nada que se possa fazer para aumentar as receitas.
    Fiquei me fazendo, 1001 outras perguntas e todas elas me diziam não estamos dando conta do recado.
    O que se passa connosco?
    E como Disse o Nobre Santos, também me pergunto: Quem vai fazer a viragem?
    Bom,
    Excelência
    Não vou falar da educação como a ferramenta, a arma para combater (eu) a pobreza, creio que cada um se identifica com certo tipo de estratégia de combate: a política, a religião, a agricultura, o desporto, a economia, a advocacia, são inúmeras as armas. Apesar de ser oficial de informação de uma agência de desenvolvimento económico local e viver de perto com o povo, escolho a cultura a arte a poesia a musica a escrita como a minha arma.
    Eu vejo Moçambique como um búfalo ferido;
    Eu vejo moçambicanos como os que refugiaram-se num habitat bastante hostil as suas cresças e os seus hábitos;
    Eu penso que essas feridas não estão na carne
    Eu acredito que as feridas estão na alma
    Aos meus 18 anos, eu já queria dar a vida para libertar as almas que eu via presas. Meus pais não entenderam as minhas poesias, os meus sonhos, as minhas letras em fim não entenderam o filho que criaram com bastante amor e carrinho.
    Em todo caso, não lhes ia faltar respeito porque não me entenderam, porque não me deixaram falar o que pensava e penso, tentamos a todo custo nos entender e respeitar um ao outro, tentei, tentei seguir os conselhos que os mais velhos me deram, mas eu já tinha programado meu cérebro, minha vida, para essa viragem que sua excelência hoje pugna. A única coisa que não consegui fazer foi continuar com os estudos, pois já tinha como conclusão que me ensinavam que 1+1 = 3 ou 1, muito poucas vezes me diziam que era 2. (continua)

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  4. Excelência (continuação)


    Segui o meu caminho, e comigo caminharam Slowli, Didacia, Júlia Duarte, Francisco Fortuna (actualmente em Maputo)e vários outros.

    Hoje, com os meus 30 anos, tive um acidente de carro graças a deus ninguém morreu, ia em missão de serviço, na minha mente encaro o incidente como um chamamento para terminar o que comecei.

    Usando a musica, a escrita, a poesia a cultura em fim a arte sou chamado a tocar na ferida do búfalo!

    São dezenas de textos, centenas de letras me permita sua excelência expor aqui aqui no seu blog alguns exemplos:


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    Eu não vou partir
    Ser Moçambicano hoje em dia
    Da vontade de deixar tudo isto pra trás
    E voar lá pra o primeiro mundo
    Ir procurar outros sonhos
    Porque vivendo assim como vivemos
    Parece que somos um povo sem destino

    Mas minha realidade é esta vou ter que aceita-la
    E pra nunca mais voltar eu não vou partir

    Eu não
    Eu não vou partir
    Não vou abandonar meu povo
    Eu não, eu não vou partir

    Eu com quem não partir
    Vamos ficar por aqui
    Tentando construir o nosso mundo
    Não precisa ser um primeiro mundo
    Desde que seja um mundo a nossa maneira
    Nos vamos conseguir
    Com todas nossas forças sem medo de nada
    Acordar este grande Moçambique

    Eu não
    Eu não vou partir
    Vou ficar por aqui mesmo
    Eu não eu não vou partir

    Eu não. Eu não. Eu não vou partir
    Estou confiando em ti que também não vais partir
    Eu sei eu sei que muitos querem partir
    Mas por favor. Por favor.
    Não voem todos, porque Moçambique é grande demais pra um só sonhador
    Por favor não partam por favor não deixem sozinho
    Tentando tentando tentando.

    Eu não eu não vou partir
    Não vou abandonar meu povo
    Vou ficar por aqui
    Com os meus sonhos
    Eu não eu não vou partir
    Vou ficar por aqui mesmo
    Eu não eu não vou partir.


    Inspirado em Boys To Man - Never, Rodolfo


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    Vamos fazer o que esta certo

    Não moçambicano escuta aqui

    O sonho
    Pedaço do meu passado tentando te ajudar
    Era muito criança e já sonhava ser doutor

    As lágrimas
    As vidas que eu queria salvar
    O doutor deixou todas elas partirem

    A Vida
    Voltando do cemitério alguns sonhos foram ficando pra trás
    A frente tinha a escola onde diziam que estavam outros sonhos

    A lição
    De lado deixei a vida que a criança tem de viver
    Pra viver a vida que os homens diziam ser mais acertada

    Hoje tudo o que eu estou vendo é um monte de errado
    Estou tentando aceita-lo mas não consigo
    Não vejo outra opção
    Senão entregar esta minha vida
    Porque juntos nós somos capazes.

    Vamos fazer o que esta certo
    Pra dar a vida tem muito
    Cabe tudo a nos
    Escolher o que queremos

    E depois é só viver
    Porque a vida é mesmo assim
    Tem sempre mais pra dar
    Sempre mais sempre mais


    A guerra
    Mas hoje nos estamos aqui
    Eu tentando vos convencer que nos podemos

    O julgamento
    Vamos esperar o tempo no dizer
    Se nos somos capazes ou não

    De ser mais, de ser de ser mais, de ser do que já fomos
    De fazermos o que quisermos com estas nossas vidas

    E eu não vou parar de gritar que nos podemos. Eu não vou parar. Eu vou insistir

    Agora voltem para o nosso passado
    O que temos lá senão a vida
    Nada mais do que bons momentos que vivemos
    E hoje não são mais do que uma recordação
    O passado sim foi muito bom
    Quero saber é se não podemos ter melhor.

    inspirado em Joe Thomas - Rodolfo


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    Dizem que a partir dos 30 anos a contagem é decrescente, não estou desesperado, estou é desesperadamente batendo a sua porta Excelência.

    O único jeito que vejo de não vender a minha alma, é me manter neutro, tocar na ferida e esperar o búfalo levantar e correr atrás da viragem.

    Obrigado.

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  5. Boa tarde!
    Há muito que li o comentário de Noa Inácio. Esperava que outros interessados neste assunto se pronunciassem. Provavelmente o tema não suscite grande debate para os moçambicanos. Em relação ao texto de Noa Inácio, permita-me afirmar que contém informações interessantes, sobretudo quando se refere ao movimento dos estudantes finalistas do ensino superior aos distritos. Mas, o ir ao distrito não é algo novo. Olhe, eu fui ao distrito em 1988 e lá fiquei a leccionar e a defender a escola, armado. A minha geração ficou no distrito. Eu estive em Namaacha, Marracuene e fixei a minha residência definitiva em Boane. Muitos de nós fixamos as nossas residências no distrito. Continuamos a trabalhar em prol do desenvolvimento destas regiões do país. A questão que estamos a discutir deve ter outros fundamentos. Os que estão sendo apresentados não me parecem razoáveis. Parece-me que esta pretensa geração não fez TPC da história do país. Isto é um desprezo aos que sempre disseram SIM ao distrito. À propósito da AEFUM e do balanço que apresentou ao presidente Guebuza, podia dizer-me quantos dos finalistas estão hoje nos distritos?
    É provável que o dia 20 de Janeiro marque uma nova abordagem na relação com o distrito, considerando que noutros tempos iam jovens sobretudo de nível médio. Mas,eram jovens com o propósito de ajudar Moçambique a erguer-se como nação livre e próspero. Queria deixar claro que não estou contra a pretensão de os jovens quererem ser uma geração de mudança. Aliás, é um propósito nobre. Espero que as associações que tiveram "encontro" com o presidente Guebuza não venham também afirmar que são gerações disto e daquilo. A AEFUM foi criada no quadro legal que permite os moçambicanos organizarem-se em associações, comunidades, etc. para melhor servir o país. Muito antes de a AEFUM se reunir com o presidente Guebuza muitas outras associações já o tinham feito no passado com objectivos semelhantes.
    Para terminar, uma palavra de encorajamento aos jovens. Força! Moçambique precisa do vosso contributo com geração ou sem ela.

    Nobre Roque dos Santos

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  6. Sua Excelência Presidente da República, venho por este meio expôr uma carta de um jovem que me chamou atenção, porque é exactamente o que o Sr. tem apelado a nós, seu povo, ele dá soluções para um problema que nos apoquenta á muito e tendo acompanhado as suas Presidências Abertas, sei que é isso que quer que seja feito. Em baixo segue a carta que penso que já foi encaminhada ao seu verdadeiro destino, mas que fica aqui para registo e seu conhecimento!!

    Sua Excelência Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo

    Excelência,

    Desculpe a minha ousadia.

    Sou um jovem, nascido nos meados do ano 80, proveniente de uma família de classe média (se e que temos essa divisão em classes aqui em Maputo) e desde sempre vivi na cidade e província de Maputo.

    Escrevo-lhe porque, como jovem venho me deparando com alguns (muitos) problemas que apoquentam não só a mim, mas a muitos mais jovens.

    Não lhe vou falar em ensino universitário, nem em emprego para os jovens que estão visivelmente em falta e já foi amplamente discutido em diversos locais.

    Venho falar-lhe de Habitação, situação que no meu ver está muito complicada. Lembro-me no decorrer do ano passado, de ter visto o prestigiado Arquitecto Forjaz dizer que a nossa cidade está a precisar crescer Verticalmente e não Horizontalmente como tem acontecido.

    Pelo meu humilde ponto de vista, ele quis dizer que e necessário construir prédios na nossa cidade. Que albergam mais famílias numa área relativamente curta.

    Para não estar a ser como “qualquer um” que quando faz uma crítica sem estar a dar opções de mudança de situação, vou tentar contribuir (honestamente, repito) para que esse assunto se resolva.

    Ao longo das nossas maiores avenidas, são diversos os espaços vagos e casas em ruínas, onde no seu lugar poderiam ser erguidos prédios, de pelo menos 10 andares.

    Assim ao de leve posso lhe mencionar:
    um espaço em frente à paragem da Pandora, na AV. Eduardo Mondlane, um espaco em frente à loja de roupas “Baiana’s” na Av 24 de Julho,
    nas ruínas mesmo em frente ao Ministério da Educação, dentre outras tantas.

    E para além disso existem espaços que estão a ser mal utilizados, ou que olhando para um “bem maior”, poderiam muito bem dar lugar a construção de prédios.

    Como é o caso de uma casa em frente à casa paroquial, ao longo da Avenida 24 de Julho, que a muito se encontra abandonada. Onde acho que poderia dar lugar a um prédio (pensando sempre em não ser superior a 10 andares).

    Excelência, mais uma vez desculpe a minha ousadia, mas a sua residencia oficial, que ocupa quase um inteiro quarteirao.

    Não sou nenhum engenheiro, nem arquitecto, mas posso facilmente afirmar que ali cabem, pelo menos Quatro (4) prédios, cada um com 10 andares e dois flats em cada andar.
    Fazendo os cálculos, teriamos deste modo, oitenta (80) familias jovens caberiam sem problema algum.

    Nós teriamos um cenário de aumento de oferta de casas, o que consequentemente iria reduzir no custo das moradias, e nós, jovens (recém-casados, técnicos formados e trabalhadores) estariamos em condições de pedir um empréstimo e adquirir moradia propria e não viver à base de aluguer de casa.

    Acredito que se cada um fizer a sua parte, todos poderão ter um Maputo melhor, nosso objectivo, nossa Meta.

    Não lhe vou mais roubar o seu precioso tempo, e agradeço por ter prestado a devida atenção as minhas linhas.

    Atenciosamente, Leonel Mendes via Miguelito

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  7. Senhor Presidente!

    Antes devo confessar que não estou muito seguro que os gestores deste blog deixarão o meu comentário aparecer. Mas vou dar benefício à dúvida, portanto, deixo aqui o meu comentário.

    1. Primeiro, é de louvar que um Chefe de Estado que me parece um líder pouco comunicativo, apareça com um blog, ou pelo menos, deixe que os seus assessores criem um blog em seu nome. É de louvar!

    2. Quanto ao debate travado entre NOA INÁCIO e NOBRE DOS SANTOS, não vou entrar nos pormenores. Vou ao essencial:

    a)É tendecioso puxar pripriedade da “Geração da Viragem” aos jovens que foram aos Distritos depois da formação universitária, como defende NOA. Aliás, este é um copy and past da história da Geração 8 de Março, que também foi fazer trabalho árduo nos distritos e outros pontos do país. Parece estar a puxar brasa para a sua sardinha, quando diz que o marco da geração da viragem são os jovens que universitários que foram aos distritos.

    b) Então, os jovens filhos do povo, que nunca chegaram à universidade alguma, mas trabalham todos dias para sustentar suas famílias e fazer crescer o País, sem meios nem encontros com o Chefe do Estado, não fazem parte da tal geração? Só faz parte da geração os estudantes finalistas que reuniram com o PR para apresentar relatório do trabalho nos distritos? Porque não destacar a estes jovens?

    c) Que trabalho efectuado nos Distritos apresentou, Noa Inácio, se pelo que eu saiba, ele trabalha no Gabinete de Comunicação do Ministério de Recursos Minerais, como assessor da Ministra? Ou vai aos distritos aos finais de semana?

    3. Sobre a essência da geração da viragem, embora seja contra a divisão da sociedade em "castas", pelo menos proponho que esta não seja endeusada antes de fazer algo. É que as outras gerações já fizeram algo visível, tangível, memorável. E nós, da Geração da Viragem (tenho 24 anos) apenas nos batemos em criticar ou louvar discursos, sem fazer nenhuma actividade de rendimento.
    Espero voltar ao debate, se publicarem o meu comentário.

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  8. Senhor Presidente,
    Excelência

    Gostaria também de deixar o meu parecer em relação ao debate que se levanta em torno da recente criada geração: a da "Viragem".

    Penso que a ideia é bem vinda se partirmos do princípio de que com ela poder-se-há encontrar uma missão comum para a actual juventude, porque uma geração é definida por aquilo que alcançou e não o que gostariamos que alcançasse.

    Passa primeiro pelos jovens reconhecerem que a pobreza em um problema comum e por isso, a luta contra ela deve ser feita em comum. Neste caso, penso que o grande desafio não é criarmos uma geração mas, é fazer entender aos jovens que precisam de perceber que a pobreza é um dos grandes obstáculos que o país tem para dar passos significativos para sair da amargura da pobreza para a doçura da riqueza. Se os jovens reconhecerem este facto então, a História dará nome a esta geração tal como deu nome as gerações passada pese embora se esqueceu de nomear outras gerações como é o caso da geração dos Ngungunhanes.

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  9. Mas como tem Lambe-botas aqui nesse pais..
    Sinceramente porque cancelaram o mundial de Hockey em Patins? Devem ter muito cuidado com essas pequenas coisas ein..
    Espero que nao nos envergonhem e facam de tudo pra os Jogos Pan africanos.

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